Na carta escrita pelo fidalgo Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, Dom Manuel, dando notícias da nova terra, em certo trecho escreveu: “... e em tal maneira é graciosa (a terra descoberta), querendo aproveitar dar-se-á nela tudo pelas águas que tem”. E é com essa fala de exaltação às terras brasileiras e seus mananciais que quero começar a escrever essa história.
Um dia, lá pelos idos do ano de 1970, sonhou um alfaiate, de nome João Pedro de Souza, candidato à Prefeitura da cidade, que acredito bem poucas pessoas hoje em dia, em Uberaba, saberiam responder de quem se tratava.
Tinha como projeto de campanha trazer água do rio Grande para abastecer a cidade, que apresentava sinais de breve crescimento. Mas como? Trazer água de tão longe? E o sonho desse cidadão simples, mas visionário, naufragou no tempo e em sua derrota nas urnas.
Penso que, mais que um sonho, era a premonição de que um dia esse líquido precioso em todos os sentidos não seria suficiente para abastecer uma cidade em franco desenvolvimento. Os sonhos sonhados por homens à frente de seu tempo nem sempre são compreendidos, ou levados a termo. Desacreditado e não entendendo os meandros da política e suas tramas, buscou repouso nas águas do grande rio.
Transcorridos os anos, a falta de água e suas nefastas consequências nos assombra e se faz presente. Pensando no futuro e amargando com a escassez de água, os atuais governantes não terão outra saída senão realizar a captação em rios existentes nas regiões do entorno da cidade.
Com a insuficiência de água que se agrava cada vez que chove pouco e, pelo visto, está se tornando uma constante, é urgente e inevitável que essa transposição aconteça.
É possível, convenhamos, que vamos precisar unir forças para construir uma obra dessa magnitude. Mas haveremos de conseguir.
Maria Aparecida Alves de Brito
Pedagoga, especialista em Educação Especial
