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O português de um português

No Brasil temos várias línguas. Além do português, última flor do Lácio, inculta e bela...

Mário Salvador
mariosalvador@terra.com.br
Publicado em 11/10/2016 às 20:20Atualizado em 16/12/2022 às 17:03
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No Brasil temos várias línguas. Além do português, “última flor do Lácio, inculta e bela”, o país se orgulha de registrar mais de duzentas línguas indígenas.

Estrangeiros que passam a morar neste país e tentam aprender a língua oficial – o português – enfrentam dificuldades. Um grego que já estava há algum tempo no Brasil me perguntou: “Por que a língua falada no país é tão diferente da norma culta?” Antes de vir morar aqui, ele fez curso de Língua Portuguesa, para não encontrar dificuldade ao chegar, mas muitas vezes ficava aflito por não entender o que ouvia.

O Brasil não é um caso à parte. A comunicação dos habitantes de cada terra reserva peculiaridades. Há expressões da língua portuguesa, por exemplo, que se usam em Portugal e que os brasileiros poderiam estranhar. Vejamos alguns exemplos.

Um português não se irrita; ele “vai aos arames”. E quem “tem lata”, na verdade, é aquele que não é atrevido. Enquanto, no Brasil, precisamos enterrar quem “estica a canela”; um português é enterrado quando “estica o pernil”.

Um português nunca se chateia, apenas “fica nos azeites.” E nunca diz: “é indiferente para mim”, mas “não me aquece, nem me arrefece”. Por enquanto, “está tudo suspenso por tempo indeterminado”, falamos no Brasil; enquanto, por lá, dizem que “ficou tudo em águas de bacalhau”.

O português não se recusa a dar explicações; ele “fecha-se em copas”. E nunca está numa situação desesperadora, mas “com água pelas barbas”. Se, por lá, o fulano é um “troca tintas”, aqui, ele “muda de ideia facilmente”. E como é que um português se livra de seus problemas? Ele “sacode a água do capote”.

Também é digno de nota que o português entende ao pé da letra o que lhe é solicitado. Por exemplo, se perguntam se ele sabe onde fica uma rua determinada, ele responde: “Sei.” Só isso. Para ele explicar como se chega lá, é preciso pedir exatamente isso, diferentemente de nós, brasileiros, que já vamos dando logo as coordenadas.

E se no Brasil os portugueses (principalmente o Manuel e o Joaquim) são lembrados nas piadinhas, eles fazem o mesmo com os brasileiros, afinal, “chumbo trocado não dói”.

Essas são apenas algumas das situações que o turista pode enfrentar em Portugal. Mas os brasileiros sabem se virar bem, em suas andanças pelo mundo, e há muito já entenderam que “cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso”.

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