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O futebol é cruel

Tenho acompanhado as reportagens especiais sobre a 4ª Divisão do Campeonato Brasileiro, exibidas pela Rede Globo de Televisão. Estou ficando abismado de saber o quanto sofrem os atletas que sonham...

Paulo Fernando Borges
Publicado em 24/07/2009 às 23:05Atualizado em 16/12/2022 às 07:46
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Tenho acompanhado as reportagens especiais sobre a 4ª Divisão do Campeonato Brasileiro, exibidas pela Rede Globo de Televisão. Estou ficando abismado de saber o quanto sofrem os atletas que sonham e lutam para seguir a carreira de jogador de futebol. É triste. O glamour visto em reportagens com craques consagrados ou jogadores de times de ponta está muito mais distante do que imaginamos. Com isso, tenho mudado minha opinião, já que eu sempre disse que ser jogador de futebol é muito fácil. Não é não!   Primeiramente, saber jogar bola é um dom. É para poucos. E, sinceramente não acredito que seja algo hereditário. Se fosse assim, o filho do Pelé, Edinho, não seria goleiro e sim um matador habilidoso, tão bom quanto foi o pai, eleito o Rei do Futebol. Assim como em outras profissões, inclusive o jornalismo, que é a carreira que desejo seguir e ser feliz profissionalmente, sem força de vontade não se chega a lugar nenhum. Largar pais, filhos, esposas e amigos para trás é uma aposta arriscada e que, infelizmente, na maioria das vezes se transforma em frustração para o jogador de futebol. Ora, o cara chega cheio de esperanças, sonhos – muitas ilusões – e precisa disputar uma dividida com a realidade. E a realidade, meu amigo, como diria o narrador Januário de Oliveira, é “cruel, muito cruel!”.   Carro importado, mansão, dinheiro, mulheres lindas e muitos fãs. Além, é claro, da chance de oferecer uma vida confortável para os familiares. É com isso que sonham os jogadores. Mas chegar lá, ganhar salários astronômicos e reconhecimento da torcida, imprensa e do clube, são outros quinhentos. Se hoje o atleta vai bem, faz três gols e emociona a torcida, amanhã ele pode ir mal, errar três pênaltis e escutar as vaias das arquibancadas. É assim. É real. É o futebol.   Na minha modesta opinião, deveria haver uma reforma futebolística no país. Primeiro, porque não acho justo um cara ganhar R$ 500 milhões por mês e outro, talvez até do mesmo nível, receber um salário mínimo. Clubes grandes, mas com situação financeira modesta, como é o caso do nosso Uberaba Sport, devem ter essa consciência. Perdem muito quando se utilizam do sistema de dois pesos e duas medidas, pagando salários altos para medalhões e não valorizando a prata da casa. Mas os jogadores perdem mais ainda. Gagau, promessa de craque, é um exemplo vivo e recente de que a vida no meio do futebol não é fácil. Fico triste de saber que um atleta que, se bem trabalhado, pode se tornar um jogador excepcional, está apostando suas fichas em uma competição amadora. Nada contra o Amadorão; aliás, sou fã incondicional do nosso Campeonato local. Porém, enquanto os clubes não derem o apoio, estrutura e exemplos de respeito aos jogadores, perderemos mais e mais oportunidades de ver novos Pelés, Zicos, Ronaldos, Romários... para sermos apenas uma promessa, um sonho, uma decepção, uma derrota.

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