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Além das praias e do Carnaval

Gisele Barcelos
Publicado em 17/03/2019 às 21:26Atualizado em 17/12/2022 às 19:06
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Sítios arqueológicos são alternativa de turismo fora do óbvio no Brasil

Peru, México e Grécia são geralmente os primeiros destinos que vem à mente quando pensamos em visitar sítios arqueológicos e conhecer os vestígios de civilizações antigas. Não há como negar que a visita aos países latinos ou ao continente europeu realmente vale pena, porém nem sempre o custo cabe no orçamento de férias disponível.

Se a grana estiver curta, tenho uma boa notícia: também é possível encontrar dentro do Brasil (inclusive sem sair de Minas Gerais) sítios arqueológicos que guardam pedaços da história das civilizações antigas.

Depois que coloquei os pés em Machu Picchu no ano passado, confesso que fiquei um pouco obcecada por esse tipo de aventura e foi uma surpresa quando a pesquisa por mais passeios me levou para lugares aqui mesmo em terras tupiniquins.

Um levantamento divulgado pelo Ministério do Turismo em 2017 indica que o Brasil possui mais de 24 mil sítios arqueológicos espalhados por praticamente todos os estados. Além de provarem a existência remota de outros nativos, os registros estão cercados por paisagens naturais maravilhosas, cachoeiras e trilhas que são responsáveis por roteiros incríveis de viagem. Confira a lista e aventure-se!

Cavernas do Peruaçu, Minas Gerais

O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, é conhecido por suas amplas cavernas e grutas rodeadas pelo verde da Mata Atlântica. Mas é entre as galerias das cavernas que está o outro patrimônio do parque: sua história. Dentro da unidade já foram catalogados mais de 80 sítios arqueológicos e pinturas rupestres datadas de até 9 mil anos atrás.

Estruturado para visitação pública em 2014, o número de visitantes do Parque tem aumentado ano a ano, passando de cerca de 600 visitantes para quase 7 mil em 2017. É preciso contratar um guia local para fazer a visita.

Serranópolis, Goiás

Considerada uma das mais importantes regiões arqueológicas do continente, Serranópolis possui pequenas grutas com vestígios de ocupação em suas paredes.

Os sítios arqueológicos atraem turistas interessados nas pinturas rupestres que datam de 11 mil anos atrás. Um dos pontos turísticos bastante visitados é a Gruta do Diogo, local com o mais antigo registro de ocupação humana no Cerrado. 

Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí

É a área de maior concentração de sítios arqueológicos atualmente conhecida nas Américas. São mais de 1.000 sítios com pinturas rupestres e artefatos, sendo 173 deles abertos para visitação. Ali, a presença do homem chega a datar 60 mil anos atrás. Toda essa importância atribuiu ao Parque o título de Patrimônio Mundial pela Unesco.

Além dos sítios arqueológicos, o parque encanta pelo cenário repleto de paredões, cânions, grutas, cavernas e lagos subterrâneos, convidando você para desbravar a majestosa natureza brasileira nesse clima de magia e mistério.

O valor do ingresso individual é R$ 22. É preciso contratar condutores e guias locais percorrer o Parque. 

Pedra do Ingá, Paraíba

Situado próximo à cidade de Campina Grande, o sítio exibe um enorme bloco de rocha com desenhos esculpidos em baixo relevo, que aguçam o imaginário de quem observa. Os desenhos lembram figuras humanas e animais, movimento das águas e, com muita criatividade, até foguetes.

No próprio complexo arqueológico está o Museu de História Natural, com esqueletos fossilizados de mais de 100 milhões de anos, além de instrumentos de pedra polida, artefatos e muitas explicações sobre o material por ali encontrado. 

Vale dos Mestres, Sergipe

Localizado em Canindé de São Francisco, a 450 km de Campina Grande, é um paraíso quase perdido no alto sertão de Sergipe, com cânions deslumbrantes, rios excelentes para banhos e muita beleza natural.

A trilha mais conhecida tem 2 km e passa por sítios arqueológicos com gravuras rupestres de mais de 3 mil anos, que lembram animais e humanos. A vegetação típica da caatinga, com seus xiquexiques, mandacarus e grandes calangos, ajuda a criar um clima de lugar antigo.

O Museu de Arqueologia do Xingó, da Universidade Federal de Sergipe, complementa o passeio. Lá, é possível conhecer melhor o patrimônio arqueológico da região. Em sua coleção, há antigos artefatos e ferramentas, ossadas de humanos e animais, fósseis diversos e muitas explicações sobre a origem do homem e a ocupação do lugar.

Parque Arqueológico do Solstício, Amapá

O sítio chama atenção por um monumento de, pelo menos, 127 rochas dispostas em formato circular, o que rendeu o apelido de "Stonehenge do Amapá" em alusão ao local histórico na Inglaterra.

O círculo megalítico brasileiro tem 30 m de diâmetro, com pedras de granito com até 4 m de comprimento. Acredita-se ter sido observatório astronômico e local de rituais de povos que viveram na região do Amapá entre 500 e 2 mil anos atrás. Você pode chegar ao Parque saindo da capital Macapá. 

Parque Nacional do Catimbau, Pernambuco

Esse é o segundo maior parque arqueológico do Brasil. Ao longo dos seus 30 sítios, você vai encontrar pinturas, artefatos pré-históricos e 28 cavernas-cemitério entre as mais de 2 mil presentes no parque.

Para chegar até o sítio, você deve seguir de Recife até Caruaru e, de lá, para a Vila do Catimbau. Na praça da vila de Catimbau, é possível encontrar guias credenciados e habilitados a conduzir pelas trilhas do vale. Existe uma associação de guias (AGTURC) com guias treinados pelo IBAMA. 

Pedra Pintada, Roraima

Um dos principais sítios arqueológicos do Estado, a Pedra Pintada fica a 140 km da capital Boa Vista. De cara, O imponente rochedo com 60 m de diâmetro e 40 m de altura já deixa qualquer um boquiaberto. Mas o interior fascina ainda mais.

A caverna, do lado de dentro, guarda em suas paredes, desenhos e símbolos pintados em cor ocre e vermelha que atraem a atenção de turistas, pesquisadores e arqueólogos. Representam figuras de animais, seres humanos, astros e outros sinais ainda indecifrados. Analisando a tinta utilizada, foi possível comprovar que estas pinturas e inscrições devem ter sido feitas há milhares de anos.

A visitação é gratuita, mas não há estrutura no local. O jeito mais fácil de chegar é alugando um carro por conta própria. 

Parque Nacional do Jaú, Amazonas

Localizado a 200 quilômetros de Manaus, no coração da Amazônia brasileira, o parque guarda sítios arqueológicos que exibem vestígios da história da ocupação humana na região. As inscrições em pedras, chamadas de petroglifos, dão cor e forma ao passado indígena.

Aberto à visitação pública, o ingresso custa R$ 5 por dia. É necessário fazer o pedido para emissão da autorização de entrada com pelo menos 48h de antecedência em um dos escritórios do Parque, em Novo Airão ou em Manaus. 

Parque Estadual da Pedra da Boca, Paraíba

Abriga um grande patrimônio geológico e histórico. O cenário exterior das formações rochosas já é suficiente para encantar os visitantes mas, é montanha adentro, nas cavernas e grutas do parque, que estão os tesouros. Pinturas rupestres colorem as paredes de rocha com hieróglifos, conhecidos como “Tradição nordeste”. Estes desenhos são atribuídos às tribos indígenas que viviam na região, pertencentes à nação dos Tapuia.

Não é cobrado ingresso, mas a visitação ainda ocorre de forma não-manejada. O parque não possui infraestrutura, é recomendável, portanto, a contratação de um guia local caso haja interesse em fazer alguma das trilhas da Unidade. 

Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí

É outra unidade de conservação que confirma o potencial arqueológico escondido na Caatinga brasileira. A beleza cênica dos paredões e formações rochosas servem de moldura para uma viagem ao passado ilustrada por pinturas rupestres. Passado e presente se misturam nos mais de 6 mil hectares do parque.

No local, já foram registrados mais de 40 sítios reconhecidos pelo IPHAN que guardam vestígios da pré-história brasileira, datados com mais de 190 milhões de anos. As pinturas rupestres e o cenário construído pelas formações rochosas do parque levam os visitantes a uma viagem pelo passado.

A entrada é gratuita, porém é obrigatória a contratação de um guia para visitação. A melhor época para conhecer o Parque é entre dezembro e junho, quando as cachoeiras estão mais cheias e o clima mais ameno.

Pedra Pintada, Minas Gerais

Em uma área de 17 hectares, o Sítio Arqueológico Pedra Pintada em Barão dos Cocais está localizado em uma propriedade particular e é mantido por uma mesma família há, pelo menos, seis gerações.

Macacos, peixes, lobos, veados e lanças são algumas das 122 figuras rupestres grafadas entre seis mil a dez mil anos anos atrás em Cocais, distrito de Barão de Cocais (Minas Gerais). O lugar também faz parte da Estrada Real e está a 90 quilômetros de Belo Horizonte.

*Gisele Barcelos é uma jornalista viajante, que adora pesquisar e montar roteiros para aventuras pelo Brasil e exterior. Além de escrever sobre política no Jornal da Manhã, é autora do blog Checklist Mundo, onde compartilha suas andanças e experiências pelo mundo afora.

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