Foto/Arquivo Pessoal
As praias do Nordeste estão sendo atingidas por manchas de óleo desde 30 de agosto. Voluntários estão ajudando na limpeza das áreas atingidas e retiram o óleo com as próprias mãos. Até o momento, 200 localidades em 78 municípios de 9 estados foram afetadas. A ocorrência afeta a vida de animais marinhos e causa impactos nas cidades litorâneas.
De acordo com o professor de biologia e médico Fernando Beltrão, não há riscos para quem entra em contato com o material na água. Ele aponta, no entanto, que é preciso ficar atento se o contato ocorrer na areia – o material pode chegar a queimar, já que se trata de óleo quente. Entre os problemas que podem ocorrer, estão dermatite e elaioconiose (um tipo de cisto de obstrução dos poros).
Relatos
O educador ambiental, Erasmo Rocha, participou da limpeza das praias de Maragogi (AL) e Japaratinga (AL). "Aqui [a praia] é o lugar onde eu vivo com a minha família e trabalho. De onde tiro meu sustento e onde me divirto, recebemos meus amigos. Não há como ver todo o desastre e ficar parado. Todo mundo tem que se envolver, porque a situação é séria. [...] Estou horrorizado com esse desastre! Sou otimista, mas a situação é desesperadora. O que sei é que serão anos para deixar as praias perto do que eram, saudáveis de novo. Limpamos as praias hoje e, no outro dia, tudo se repete. Mais óleo chega, fragmentado e sujando tudo."
O eletricista, Jaílson da Silva, de 43 anos, participou da limpeza do Rio Mamucabas, entre Tamandaré e Barreiros (PE). "A gente está arriscando a vida para remover o óleo. Foram mais de três toneladas nessa área, só hoje (segunda-feira, 21 de outubro). Vi um desespero grande das pessoas para ajudar a vida marinha e o ecossistema. Também vi as pessoas sem suporte e o mangue muito poluído, pedindo socorro."
Joab Santana, de 47 anos é agente comunitário de saúde, participou da limpeza do estuário do Rio Mamucabas, entre Tamandaré e Barreiros (PE). "Por morar em Tamandaré há mais de 30 anos, não consegui ficar de fora de uma ação contra esse problema. É um dos maiores desastres ambientais do mundo. Eu vi os estuários dos rios afetados. E, infelizmente, essa recuperação é muito lenta. Acho que vou morrer e não vou ver meio ambiente livre desse óleo."
O conferente de logística, Dário Carlos da Paciência, participou da limpeza de praias em Cabo de Santo Agostinho. "Moro em Prazeres (Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife0 e minha família mora aqui no Paiva (Cabo de Santo Agostinho). Quando vi a situação por fotos nas redes sociais, decidir vir aqui para dar a minha força. Desde cedo tinha muita gente. Quanto mais ajuda melhor, as manchas de óleo estão muito grandes. Muito óleo e muito denso. Quando pega a substância, ela se parte."
O bombeiro civil, Édson Santos Silva, de 32 anos, participou da limpeza de áreas em Tamandaré (PE). "Muita gente depende desse manguezal para viver. Eu vi que o óleo tem um cheiro muito forte. Também vi animais prejudicados e o medo das pessoas que dependem do mangue para sobreviver."
Flávio Marcel, autônomo, participou da limpeza da praia de Cinelândia, em Aracaju. Percebi que o efetivo para fazer a limpeza das praias seria pouco. "Logo quando as manchas chegaram em Aracaju, elas estavam mais densas e facilitava. Agora isso mudou, e os pedaços estão pequenos, o que requer muito mais trabalho. E isso ainda facilita a ingestão pelos animais. Esses fragmentos expostos ao sol derretem na água e na areia, gerando um impacto muito maior."
*Com informações do G1