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Meu direito de ir e vir

A Constituição Brasileira em seu artigo 5., parágrafo XV garante o direito de ir e vir...

Márcia Moreno Campos
Publicado em 01/11/2015 às 12:01Atualizado em 16/12/2022 às 21:31
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A Constituição Brasileira em seu artigo 5., parágrafo XV garante o direito de ir e vir ao assegurar que “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz...” Porém, sinto-me cerceada tentando exercer esse direito nas ruas de Uberaba. Analisem comigo. Estamos sofrendo há treze longos anos os transtornos causados pelas interdições das principais avenidas pelo indigesto projeto Água Viva. Uma cidade não planejada como a nossa, com ruas estreitas e poucas avenidas para o escoamento do fluxo de carros, permitir que um projeto desses se arraste sem fim, é a prova de que os governantes não se importam com o bem estar dos cidadãos. Se não bastasse isso, o prefeito anterior, exímio criador de balões de vento e ilusões, vendeu a ideia grandiosa da implantação dos BRTs como solução de mobilidade urbana. Maquetes foram apresentadas aos incautos moradores e exibidas em eloquentes propagandas com dizeres com o futuro chegou para Uberaba. Mais que depressa a população abraçou a ideia, ou se conformou com ela, e sequer indagou de que serviria corredores exclusivos para ônibus em uma cidade que tem um carro para cada 1,5 habitante. Debalde os protestos de poucos, construiu-se parte dos terminais, logo abandonados por falta de recursos para concluir as obras, embora para muitos dos idealizadores, os objetivos de enganação e vantagem, a essa altura, já tinham sido atingidos. Veio então a mudança na administração municipal que reacendeu a esperança de que o projeto fosse abandonado. Que nada. Foi em frente, e agora, concomitante com o interminável “Água Viva”, abriu-se licitação para construir mais dois corredores de BRTs, na Av. da Saudade e na Av. Guilherme Ferreira. Sinceramente, vamos precisar de medidas judiciais para garantir nosso direito de ir e vir.

Uberaba já não anda. O trânsito é caótico, o calor insuportável, herdado em grande parte pelo plantio de cana de açúcar incentivado e patrocinado pelo ex-alcaide, e pela derrubada de árvores que darão espaço ao “progresso”. Construir mais corredores exclusivos de ônibus é apostar no caos. É impedir nosso direito de locomoção, sob o argumento frágil de que a verba já foi destinada pelo governo federal e tem que ser aplicada nesse fim. Realmente, o governo federal tem muita moral para falar em aplicação rigorosa de verbas.

Meu único consolo é que uma conhecida minha, usuária obrigatória do BRT, me disse que essas estações só servem para que o povo, enquanto aguarda a chegada dos ônibus, se distraia falando mal da presidente. Bem feito.

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