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Pais eufóricos

Somos a geração de pais com culpa. Nunca na história da nossa espécie houve uma geração de pais

Larissa Alves Correa
Publicado em 24/12/2018 às 10:36Atualizado em 17/12/2022 às 16:41
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Somos a geração de pais com culpa. Nunca na história da nossa espécie houve uma geração de pais mais preocupados que a nossa. Lembro que almocei por muito tempo arroz e ovo na infância e, pra minha mãe, estava tudo bem. Levava bolacha Maria e “kisuco” na lancheira e estava tudo bem também. 

Eu andava no banco de trás do Fusquinha da minha tia, e ela sempre me advertia: "Fica sentadinha, para não se machucar". Não tinha assento infantil, não tinha cadeirinha. Tinha, quando muito, um cinto de segurança, e olhe lá. E meus pais não sentiam culpa por isso.

Hoje nos preocupamos o tempo todo com o transporte seguro, com uma alimentação saudável e balanceada, com o suco natural. A importância de não oferecer doces e refrigerantes antes dos dois anos. Alguns pais até restringem as crianças de conviverem com animais ou brincarem na terra.

Preocupamo-nos o tempo todo com tantas coisas que nos esquecemos de encontrar uma maneira de como fazer do nosso tempo livre um tempo de qualidade com nossos filhos.

Vivemos uma era tecnológica que não nos deixa desconectados, nem sequer enquanto dormimos, e é isso que merece nossa atenção. Estamos sempre com a cabeça no e-mail que não respondemos nas pendências do dia seguinte, nas tarefas domésticas. E, até mesmo, nas atividades pessoais que optamos por fazer: academia, pilates, ioga, faculdade, balé, enfim...

Se nossos filhos vão levar água e frutas na lancheira amanhã, é irrelevante. Se eles vão jantar macarrão instantâneo, porque hoje não deu tempo de ir ao açougue, é irrelevante.

E se amanhã ou depois te bater a dúvida quanto a essas questões, abrace o seu filho. Não podemos permitir que os excessos de preocupação, estresse e problemas diários atrapalhem o desenvolvimento dos pequenos. O melhor brinquedo que você puder comprar com todos os seus meses de trabalho exaustivo não vai compensar a falta afetiva, a falta de afago, o colo. Então, respire.

Deixe que ele se suje, só por hoje. Deixe que crie anticorpos, que se torne autoimune. E sempre que possível aprecie o sorriso do seu filho. Brinque. Perca um tempinho do seu dia dedicando-se a conhecer os gostos dele.

E permita que ele viva a infância como nós vivemos. Deixe que o chocolate, a pipoca doce, o refrigerante e a bagunça façam parte desse período mágico que é a infância... e acredite, “tá” tudo bem! 

(*) Estudante

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