ARTICULISTAS

Carga pesada

Brinco com o gerente da ArcelorMittal enquanto analisamos a evolução das compras de aço

Dionyzio A. M. Klavdianos
Publicado em 07/06/2018 às 19:33Atualizado em 17/12/2022 às 10:23
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Brinco com o gerente da ArcelorMittal enquanto analisamos a evolução das compras de aço intermediadas pela cooperativa nos últimos anos, que, pra nós, a greve dos caminhoneiros começou em 2015, quando passamos a comprar 100 toneladas de aço por mês em vez das 400 de sempre…

Tanto que, na semana passada, não faltou aço nas prateleiras e, de resto, o caixa já baixo das empresas inviabilizaria eventuais tentativas de se estocar barras de ferro, como se fossem macarrão. De toda a forma, perigou acabar o prego 17 x 27, utilizado na bateção das formas que recebem o concreto, mas que não o receberiam de toda maneira, pois concreto não chegava nas obras - seja por causa do cimento, não entregue nem nos canteiros nem nas centrais, seja por causa dos caminhões, que não saiam das concreteiras.

Não é de hoje que nosso setor vem dando sinal de que vai estacionar…

Ano passado, um dos maiores fornecedores de concreto da cidade se viu obrigado a elevar unilateralmente seu preço e, chamado para uma reunião de esclarecimento, nos abriu a planilha de custos para evidenciar o tamanho do naco que impostos e combustível lhe comem. Ou aumentava ou parava. Aumentou, mas não deve ter sido o suficiente, pois, neste ano, a empresa deve ser adquirida por uma concorrente internacional.

Na semana da greve, um dos projetos de lei que tratam do distrato teve pedido de urgência aprovado na Câmara dos Deputados. Há vários destes tramitando. O primeiro, desde 2015, e passados três anos sem resolução, o cliente pode devolver o imóvel adquirido a qualquer tempo e ser ressarcido integralmente, o que descapitaliza a empresa, afeta o cronograma da obra e interfere no sonho da casa própria daquele que honrou o contrato.

Antes desta confusão toda, estava previsto que o asfalto também teria o preço corrigido diariamente. Nada contra, mas lembrando que o principal comprador, o governo, costuma licitar obras com planilhas de preços defasadas e ser leniente na hora de reajustar contratos, o que me faz lembrar de quando, em 2015, interpelei um associado do sindicato dos mais antigos acerca do pedido que fazia de desfiliação e ele, literalmente chorando, me contou que, após mais de 40 anos como prestador de serviços para órgãos públicos, havia jogado a toalha.

Mais empreendedor sorrindo e menos chorando é bom indicador, independente da forma que você pensa a economia de um país.

(*) Engenheiro civil formado pela UnB; diretor técnico da Construtora Itebra; presidente da Comat/Cbic; presidente da Coopercon Brasil; presidente da Coopercon-DF, e vice-presidente administrativo-financeiro do Sinduscon-DF

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