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Imigrantes

Muito me sensibiliza a questão dos migrantes em todo o mundo. O tema ganhou relevância

Márcia Moreno Campos
Publicado em 16/02/2019 às 11:25Atualizado em 17/12/2022 às 18:14
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Muito me sensibiliza a questão dos migrantes em todo o mundo. O tema ganhou relevância, principalmente após o presidente americano fixar como meta de seu governo a construção de um muro separando a fronteira entre os Estados Unidos e o México. Os constantes conflitos no Oriente Médio, a pobreza nos países africanos e na América Central, e as ditaduras disfarçadas de democracia como na Venezuela e Nicarágua, forçam saídas de famílias em busca de uma vida melhor, o que se tornou motivo de apreensão e de posicionamentos duros pelos chefes de Estados. A questão migratória remonta aos primórdios da humanidade e foi graças ao espírito aventureiro e nômade do homo sapiens que o mundo foi povoado. 

Li recentemente dois excelentes livros que têm como pano de fundo a chegada de imigrantes aos Estados Unidos. “As Filhas do Capitão” de Maria Duenas e “Americanah” de Chimanda Ngozi Adichie são romances sensíveis que nos levam a rever conceitos e valorizar a força da mão de obra estrangeira no desenvolvimento de qualquer país. Escreve Maria Duenas: “Na Nova York dos anos 50 mais de um terço era gente chegada de outros mundos, nascida em terras distantes onde falavam outras línguas e a vida se percebia de uma maneira diferente. A fome, a incerteza, as guerras, os anseios e as inquietudes os arrastaram àquele novo mundo e agora eram parte imprescindível do tecido da cidade. Ucranianos, franceses, poloneses, cubanos, ingleses, albaneses, gregos, italianos, espanhóis... Todos haviam sido recebidos e com seu esforço diário haviam contribuído com um grão de areia para que a cidade continuasse funcionando bem lubrificada. Lavavam pratos, dirigiam caminhões, pavimentavam as ruas, fritavam frango e batatas, varriam as calçadas, descarregavam as mercadorias, serviam rios de café, subiam nos andaimes e punham tijolos nos arranha-céus, empacotavam açúcar e jogavam pás de carvão nas caldeiras, imprimiam jornais e revistas, vigiavam acessos, esfregavam pisos e escadas com bri aquela gente fazia de tudo.”

Em dezembro passado foi aprovado na ONU o Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regulada com o objetivo, não de permitir a entrada indiscriminada de pessoas, mas apenas de garantir a elas condições humanas enquanto seus documentos são analisados. O Brasil de então, assinou o pacto. O atual Presidente se retirou dele. Uma pena. A situação de recebedor de imigrantes pode se inverter, e a questão é muito delicada merecendo ser tratada com profundidade e não com um simples posicionamento a favor ou contra.

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