Quanto vale uma vida, Vale? Lucros crescentes, dividendos fartos, avaliações positivas pelas agências de risco, ações nas alturas e redução de dívidas justificam tanto descuido? Uma vida pode ser trocada por obras de engenharia mal planejadas e em locais de pouca segurança? Por sirenes que não disparam e ausência de rotas de fuga em caso de tragédias? Aliás, tragédia anunciada e reprisada. Não se aprendeu nada? Como calcular as perdas, precificar sonhos desfeitos, famílias destruídas, um amontado de angústias, dores e desalento? Uma das vítimas tinha feito aniversário na véspera de sua morte. Médica, no auge da vida, vivendo a ingenuidade de confiar em quem não devia. Outro, tinha data marcada para se casar. Quantos planos não estariam em sua cabeça, todos desfeitos pela imprudência assassina, pela displicência perversa dos que deles deveriam cuidar.
De quem é a culpa é a pergunta que todos se fazem. A culpa é da indiferença, da negligência e do distanciamento entre quem dita as regras e os que se sujeitam a elas. Os peões, as peças úteis da engrenagem pouco valor têm, e importância mínima aos olhos dos grandes. A culpa é dos gestores ocupados em contar as vantagens auferidas ano a ano, deslumbrados com balanços positivos; é dos políticos e suas bancadas que só defendem os interesses setoriais e não os do todo como urge ser, distraídos em aumentar seus salários, verbas e auxílios. A culpa é nossa que não cobramos, que somos omissos enquanto tocamos nossas vidas alheios ao que está acontecendo ao nosso redor. É tão mais fácil não se preocupar. A culpa é do Brasil embriagado em ser primeiro mundo não importa a que custo; é dos que combatem os “chatos” que vira e mexe estão defendendo o meio ambiente; é dos que se agarram a teorias inventadas de que está tudo bem no Planeta Terra, não obstante o tamanho da destruição provocada pelo homem.
Quanto vale uma vida, Brasil?
