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O primeiro dia de qualquer governo

Após campanhas eleitorais intensas e disputas apertadas, elege-se um candidato a um dos cargos executivos da República

Márcia Moreno Campos
Publicado em 19/01/2019 às 09:37Atualizado em 17/12/2022 às 17:23
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Após campanhas eleitorais intensas e disputas apertadas, elege-se um candidato a um dos cargos executivos da República Federativa do Brasil, a saber: Presidente, governadores e prefeitos. Segue-se um período de preparação onde a equipe do eleito passa a se inteirar dos meandros administrativos da máquina pública e advém a posse. Tomar posse significa ser ungido a uma categoria especial onde atitudes de reverência e subserviência tomam o lugar da sinceridade. Palavras ditas pelo mandatário têm força e determinação capazes de inebriar os que gravitam ao seu redor, assessores e pretendentes. Eventuais erros do eleito são justificados por eles a peso de ouro e seus acertos, elevados a patamares divinos. Como consequência, os governantes se acostumam a isso e acabam incorporando a divindade que lhes atribuem. 

O primeiro dia de qualquer governo que pretendesse dar certo deveria ser diferente, com o mandatário eleito exigindo que se substituíssem as bajulações em seu entorno pela crítica honesta e construtiva que redundasse no bem da população. Infeliz o governo em que toda crítica é considerada uma agressão e se torna motivo de robustas retaliações. Voltar atrás nem sempre é sinônimo de retrocesso, mas, às vezes, apenas de falta de planejamento. 

Tomemos como exemplo os municípios brasileiros. Quem são os donos das cidades senão aqueles que nelas residem, trabalham, empregam e pagam impostos? Ora, qualquer medida que afete a vida desses cidadãos deve ser com eles discutidas antes de implementadas. Evidente que nunca haverá unanimidade, mas a busca de um consenso em que o verdadeiro beneficiado é o eleitor, já é um alento. Infelizmente, o que se vê é um arranjo entre Executivo e Legislativo muito distante do ideal e satisfatório para a população. Prefeituras são como ilhas da fantasia imunes a queixas, críticas, contrariedades e problemas reais do dia a dia do cidadão, aos quais resta lamentar as escolhas e contar os prejuízos. A leitura que se faz das últimas eleições é de um desejo urgente de mudança. Mudança verdadeira, de padrões e atitudes, com aceitação de críticas e substituição de justificativas vazias por mais transparência.

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