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Sobre as árvores

O corte de 8 árvores da Avenida da Saudade, por necessidade da implantação de trecho do BRT...

Thales Messias Pires Cardoso
Publicado em 22/02/2018 às 22:12Atualizado em 16/12/2022 às 06:10
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O corte de 8 árvores da Avenida da Saudade, por necessidade da implantação de trecho do BRT, gerou controvérsia e revolta de quem reside, trabalha ou de qualquer forma frequenta aquela região da cidade.

As árvores são elemento importante do meio ambiente urbano, promovendo maior conforto térmico, abrigo para pássaros e outros animais, estética e permeabilidade do solo. Porém, excepcionalmente, é necessário que sejam suprimidas por razões de segurança (por exemplo, risco de queda) e por utilidade pública (como é o caso da implementação do BRT), conforme a legislação, que prevê também a necessária compensação.

No polêmico caso, não é de se questionar a legalidade e o interesse público da medida. Por outro lado, noticia-se que a supressão não estava prevista no projeto do BRT outrora publicamente apresentado, o que faz compreensível a reação da população diante da negativa surpresa.

Ainda mais porque, conforme é notório, Uberaba possui pouco verde. E mesmo os casos polêmicos não tem resultado em avanços para fazer frente a essa realidade. Em 2015, houve o envenenamento de árvores da espécie oiti na Avenida Santos Dumont. Infelizmente a promessa do plantio de 16 mudas para repô-las não se concretizou (http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2015/09/denuncia-sobre-arvores-envenenadas-em-uberaba-e-encaminhada-para-o-mp.html). Tampouco houve, na mesma avenida, o anunciado plantio de árvores da espécie resedá em suas calçadas quando da revitalização da via, também em 2015 (http://jmonline.com.br/novo/?noticias,6,POL%CDTICA,118009).

São exemplos que refletem a situação da área urbana da cidade como um todo. Tal é de se lamentar. Afinal, uma cidade mais verde traria importantes benefícios, seja na estação seca, seja na chuvosa.

Como é sabido, mais árvores atenuariam os efeitos da secura, que predomina durante boa parte do ano, proporcionando um microclima urbano mais agradável.

Por outro lado, nos meses chuvosos, a arborização mitigaria as enxurradas das famosas sete colinas, por meio da retenção das águas das chuvas pelas árvores, reduzindo as enchentes nas partes baixas, onde se localizam as principais avenidas da cidade.

Quanto a este último aspecto, vale evocar o exemplo de Nova Iorque, que mapeou e quantificou os impactos financeiros positivos gerados por suas árvores: os estudos apontam que as quase 685 mil árvores da cidade são capazes de reter 1 bilhão de galões de água de chuvas e tempestades, poupando $10,8 milhões em reparação de danos fluviais e problemas relacionados a inundações (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/12/08/Nova-York-mapeou-todas-as-suas-%C3%A1rvores.-E-%C3%A9-poss%C3%ADvel-saber-a-import%C3%A2ncia-de-cada-uma-delas).

Há que se salientar que não basta o Poder Público agir para uma cidade mais verde. A mobilização dos cidadãos é fundamental, inclusive seguindo as orientações técnicas quando das iniciativas de planti árvores inadequadas no meio ambiente urbano geram contratempos futuros, não resolvendo o problema.

 

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