ARTICULISTAS

A paradigmática eleição de 2018

Esta surpreendente eleição de 2018 para Presidente da República, Governador de Estado

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 09/10/2018 às 20:54Atualizado em 17/12/2022 às 14:19
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Esta surpreendente eleição de 2018 para Presidente da República, Governador de Estado, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual teve aspecto revolucionário ao produzir o mesmo sentimento de surpresa tanto nos eleitores quanto candidatos. Aqueles por desacreditarem que o povo votante conseguisse demonstrar seu descontentamento manifestado aos gritos de ordem em passeatas e atos de repúdio há tanto engasgados no peito; estes por não darem ouvidos aos pedidos de anticorrupção e renovação repetidos em várias e ruidosas aglomerações nacionais.

Uma outra importantíssima demanda sem ressonância refere-se à questão da segurança. Vivemos amedrontados, inseguros, trancados atrás de muros altos e redes elétricas esperando ações governamentais que nos proporcionem tranquilidade para o exercício de nossas atividades diárias.

Tudo começou em 2005 e 2006 com a denúncia do “mensalão”, seguida em 2014 pela Operação Lava-Jato revelando o desvio de bilhões dos cofres públicos em propinas e superfaturamentos de obras em escusa conveniência de empreiteiras, lideranças políticas e doleiros. Assim os brasileiros foram informados sobre uma organização criminosa sistematizada de pagamentos mensais para políticos com poderes decisórios e seus intermediários onerando tremendamente a vida de todos os brasileiros. Não podemos nos esquecer que concomitantemente grandes obras foram exigidas para eventos mundiais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas sediadas pelo Brasil! As quantias são impressionantes e pela primeira vez revelada aos atônitos cidadãos impossibilitados até mesmo de imaginar o que representa em valores reais as quantias surrupiadas e depositadas em paraísos fiscais.

Desde 2005 temos acompanhado o desenrolar das ações processuais, julgamentos e penalidades; aprisionamentos e habeas-corpus num ir e vir contraditório que resulta em descrença, desconfiança e, finalmente, criação de teorias conspiratórias. O resultado das urnas parece constituir o paradigma da síntese ideal deste momento histórico/cultural.

Finalmente estamos acompanhando uma campanha simples, sem grandes lances de marketing, com recursos limitados e pontos altos nas entrevistas e debates televisionados onde cada candidato deve mostras sua “verdadeira cara” sem a maquiagem construída para ludibriar ou disfarçar. Há muito o candidato se afastou da elaboração de seu programa de governo deixado a cargo dos marqueteiros idealizadores de slogans, filmes editados cuja finalidade nunca se afastou do próprio cinema: a experiência da ilusão coletiva. 

(*) Psicóloga e psicanalista

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