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Propaganda, opinião pública e ideologia

Estamos a onze dias do primeiro turno de votação para presidente da República

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 25/09/2018 às 20:50Atualizado em 17/12/2022 às 13:50
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Estamos a onze dias do primeiro turno de votação para presidente da República, senadores, governadores estaduais, deputados federais e estaduais. O interesse por este momento, considerado a essência da Democracia, é paradigmátic ambíguo e duplo ao mesmo tempo. Ambíguo pela descrença no modelo democrático em torno de uma figura central única – o presidente – bem como nos personagens que se propõem ao desempenho desta; e duplo porque apesar desta propalada descrença e também pelas características próprias atuais – regras novas e mal compreendidas – o número surpreendente de candidatos e partidos falam de interesse em alta e democracia a todo vapor! Temos treze candidatos à Presidência pelos seguintes partidos: Pode, Patri, PDT, DC, PT, PSDB, Psol, MDB, PSL, Novo, PPL, Rede e PSTU. Como são 35 partidos políticos aqueles que não apresentaram candidatos próprios fazem coligação em torno de um nome. Como se vê, esta realidade mostra uma vida política brasileira em ascensão e cargos públicos para mandatos fechados no tempo, uma opção altamente atrativa porque rentável.

Desde o lançamento oficial de nomes, bem como o início televisionado de debates, propaganda e inserção de programas gravados nos meios de comunicação o brasileiro vive, come e dorme ao som da política. São inúmeras pesquisas de intenção de votos que incluem percentuais de cada candidato bem como simulação de segundo turno por duplas. As redes sociais contribuem com postagens, comentários e previsões e, assim, estamos no centro dinâmico da experiência democrática.

Cada candidato e partido monta sua própria máquina de propaganda que inclui uma construção de Imagem Pública, confiada a um comitê de marqueteiros, um plano de divulgação e um programa de governo cujo objetivo é moldar ou manipular a opinião pública de acordo com uma ideologia (meios em que os significados servem para reforçar relações de dominação). Neste sentido é sempre bom procurar o que não está presente em determinado tempo e lugar, pois estas ausências particulares são certamente significativas uma vez que o presente foi criado para encobrir.

Sabemos da grave crise econômica que enfrentamos, do grande número de jovens brasileiros que buscam asilo em outros países pela falta de trabalho presente e consistente, do número significativo de empresas que fecham suas portas pela impossibilidade de cumprir com seus encargos num mercado restritivo, da oferta impressionante de bens imóveis para venda, da impossibilidade de aumentos nos valores do aluguel – isto é recessão! Isso é o grande ausente nos diálogos atuais que encobre os aumentos diários no preço da gasolina.  

(*) Psicóloga e psicanalista

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