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Os militares nas eleições

O Brasil de hoje vive um momento crítico, onde, em razão de interesses escusos, o princípio

Dirceu Cardoso Gonçalves
Publicado em 21/06/2018 às 21:02Atualizado em 17/12/2022 às 10:47
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O Brasil de hoje vive um momento crítico, onde, em razão de interesses escusos, o princípio de autoridade foi abandonado, o governo é fraco e impopular e as instituições são permanentemente confrontadas. Mesmo com a operação Lava-Jato e suas paralelas apurando horrores cometidos contra o Estado e os cidadãos e encarcerando notórias figuras, ruidosos grupos ainda buscam explicar o inexplicável e potencializar a desordem. Os ditos movimentos sociais pregam e praticam a desobediência civil. As facções criminosas que assumiram o lugar do Estado no sistema prisional comandam uma poderosa e devastadora indústria do crime, alastrada por todo o território nacional e com ramificações internacionais. A eleição que se avizinha vem carregada de indefinição e descrença na medida em que muitos dos seus postulantes, ainda não atingidos pela Lei da Ficha Limpa (que só pune os condenados em segunda instância), são investigados ou respondem processos em fase inicial.

Ao tomar conhecimento das falcatruas que derrubaram o governo do Partido dos Trabalhadores e mancharam praticamente todas as agremiações partidárias, parcelas da população clamam pela intervenção militar, que seria a tomada do poder pelas Forças Armadas. Seria apenas a repetição de episódios já consolidados na história política brasileira, onde os militares assumiram e tutelaram o poder em momentos de desordem ou perigo institucional. O mais recente e, portanto, conhecido pela população atual é o ocorrido em 31 de abril de 1964, que instituiu o regime militar e vigorou por 21 anos. O clamor busca o restabelecimento da autoridade dilapidada ao longo da democracia restabelecida em 1985, quando os políticos, notadamente os líderes, “para não se parecerem com os militares de 64”, fizeram vistas grossas ao crime e optaram por conviver com seus praticantes.

Durante os 33 anos que nos separam do fim do último regime militar, mesmo com toda a pregação contrária feita pelas lideranças políticas, dezenas de militares compuseram as casas legislativas nos diferentes níveis. Um deles é o deputado federal Jair Bolsonaro, que hoje desponta nas pesquisas presidenciais. Mas, além dele e dos que já exercem mandatos de deputado federal e estadual e de vereador, temos o movimento que já apresentou 71 candidatos egressos dos quartéis, preparados para se candidatar a senador, governador e deputado. É o grupo de militares legalistas que buscará chegar ao poder pelo voto, em vez de recorrer à força das armas.

A democracia é o regime ideal. Infelizmente, a atual democracia brasileira precisa de reparos. A fraqueza da autoridade é o principal defeito, e a sistemática exclusão dos militares é outro. Os recentes acontecimentos da vida nacional – intervenção no Rio de Janeiro e a greve dos caminhoneiros – são demonstrações inequívocas de que os militares, homens e mulheres que passam a vida toda estudando e se aperfeiçoando, estão aptos a contribuir para recolocar o país nos trilhos. Ainda bem que têm a disposição de fazê-lo pelo democrático caminho das eleições. Pelas armas, nunca!...

(*) Tenente; dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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