Arretado coronel

Deixei para escrever este texto poucas horas antes de remetê-lo à redação. Por que fiz assim? A resposta é objetiva: os boletins meteorológicos estão perdendo longe para a oscilação no cenário político eleitoral. As redes sociais são as responsáveis. 

Eis que agora entra em cena o turbinado e autointitulado coronel do Exército Carlos Alves jogando todas as fichas e colocando na alça de mira de seu canhão nada menos do que S.Exa. o Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O atacante peita literalmente o ministro e o ironiza da cabeça aos pés, chamando-o de Gilmarzinho, e inclusive dilacera todo o STF usando adjetivos que qualquer mortal reagiria desaguando em desatino. “Não tenho medo de nenhum de vocês do Supremo Tribunal Federal que aceitam suborno para liberar habeas corpus”, acrescenta o oficial. De recebedores de propina para cima, o dito coronel de Artilharia rotula pejorativamente os componentes do nosso mais alto tribunal. Desafia Gilmar Mendes a processá-lo por ameaça velada, alertando que: “Eu não sou qualquer um. Eu sou um coronel do Exército, o seu Exército. Estou cumprindo o meu papel constitucional em defesa da pátria, em defesa de homens como você...”.

E vai mais fundo o coronel: “Quando juízes honrados, dignos e honestos como Sergio Moro, como Marcelo Bretas, que prendem corruptos, marginais, vagabundos, e você vai lá soltá-los...”. E prossegue na artilharia: “Você soltou Jacob Barata? A que preço você soltou Jacob Barata? E não recua um passo para colocar na parede Gilmar Mendes.

Confesso que para transcrever todas as palavras do arretado coronel Alves, filho de um “paraibano decente”, seriam necessárias várias páginas. E ele chama todos os militares da ativa e reserva ao combate, além de se atentarem para fatos novos, tipo um possível atentado forjado para candidata a vice-presidente.

Não consta na história contemporânea conspiração tão potente da caserna quanto agora. Os que isoladamente o fizeram receberam reprimenda (vide general Syzeno Sarmento e brigadeiro Paulo Roberto Camarinha), mas desta vez o clima está mais para o “aceita que dói menos”. 

O brasileiro não aguenta mais! Ainda bem que as eleições para Presidente e Governador serão amanhã, 28/10/2018.