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Advocacia

Advocacia, conforme nos traduz os vários dicionários consultados, entre eles Aurélio...

Euseli dos Santos
Publicado em 11/08/2017 às 18:54Atualizado em 16/12/2022 às 11:19
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Advocacia, conforme nos traduz os vários dicionários consultados, entre eles Aurélio, Caldas Aulete e Houaiss, seria apenas e tão somente, na solidão dos vocábulos, a profissão dos advogados. Entretanto, a profissão que consagrou Péricles e Demóstenes pela eloquência e retórica, Moisés pela sagacidade na defesa de seu povo, ou Jesus Cristo por sua caridade em favor de Madalena, não só por estes exemplos, é muito mais relevante, ampla, abrangente e imprescindível, do que os filólogos e dicionaristas querem nos fazer crer. E, destarte o momento delicado que os profissionais da advocacia atravessam, sempre admirei a atuação e nobreza dos advogados no exercício de suas funções. Lembro-me que ainda na juventude inflamada dos tempos de colégio, já me deixava embriagar frente à facilidade com que advogados sustentavam teses, a princípio incompreensíveis, em embates clássicos sobre o direito do voto direto e a necessidade de uma nova Constituição. A nobreza e eloquência de um Raimundo Faoro, a sagacidade insofismável de Evandro Lins e Silva, a retórica inconfundível de Ruy Barbosa, a capacidade intelectual e moral de um Sobral Pinto. Entre nós, o inesquecível gênio Ronaldo Cunha Campos de saudosa e insubstituível memória. Esses homens, advogados, avançaram além do próprio tempo, transformaram-se em legendas das letras e militância jurídica. Inspiraram não só os alunos, acadêmicos e militantes da advocacia, mas também a sociedade que almeja a justiça. E as estaturas moral e intelectual, representadas no exercício profissional desses ícones, foram fixadas, feito tatuagem, no ideal da profissão de advogado. Os filólogos não atingem a aura que envolve a advocacia – palavras singelas a definem, evasivamente nos grossos livros de coleções de vocábulos, contudo, somente um réu injustiçado, uma viúva em abandono, um infante sem auxílio, um idoso em desamparo, um empregado dispensado injustamente do trabalho, quando tutelados pelo patrono desprendido e formalmente em exercício da advocacia, saberão compreender a magnitude desse patrocínio. Nesse mês consagrado à advocacia, à nobre e insubstituível profissão da democracia, profissão da segurança jurídica e do amparo social, deito os olhos no passado, de tantos exemplos e inspiração, e me fortaleço para o enfrentamento desse presente nebuloso e cheio de retrocessos. A profissão que escolhi me preenche, me basta, me orgulha. E a labuta angulosa deste presente amalucado será enfrentada com o subsídio intelectual da academia, com o suporte exemplar dos ícones do passado, com a veemente contundência profissional dos colegas que militam diuturnamente, vislumbrando um futuro de justiça social. Que o ideal que sustém a advocacia desde os primórdios da história, seja o bálsamo adequado para estes dias de dificuldades, bem como sirva também de elixir rejuvenescedor a nos preparar para o futuro.  

(*) Advogado militante em Uberaba

Mestrando em direito pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP)

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