ARTICULISTAS

Liberdade, igualdade e fraternidade

Branca, parda, negra. A cor da pele um dia já nos separou e ainda separa de forma, talvez, mais sutil

Julia Castello Goulart
Publicado em 26/07/2018 às 21:11Atualizado em 17/12/2022 às 11:50
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Branca, parda, negra. A cor da pele um dia já nos separou e ainda separa de forma, talvez, mais sutil, mas, ao mesmo tempo, não menos prejudicial a nós, seres humanos. Não só isso, mas a língua já nos separou, a cultura já nos separou. O nacionalismo, tão importante para momentos da História, também já nos separou.

 Talvez acreditou-se que com a internet, as inúmeras barreiras que ainda nos separam no século 21 seriam reduzidas e que talvez se construíssem menos iniciativas isoladas, e mais iniciativas globais. Os Direitos Humanos foram um modo de criar direitos que todos os seres humanos, independente do local, da língua e da cor da pele, pudessem usufruir e lutar por esses direitos.

  Ainda assim, o mundo sem fronteiras, que se imaginou até palpável para esse século, esteja cada vez mais distante, mesmo que não queiramos acreditar. Não somos “a geração perdida”, chamada os jovens do século 20 que conviveram com duas grandes guerras mundiais. Nascemos como a geração de um novo mundo. Com a queda do Muro de Berlim e o fim, mesmo que simbólico, da bipolarização de duas forças globais, traziam as esperanças do fim de fronteiras físicas.

 Mas, não só barreiras físicas permanecem hoje, como ainda, assim, as ideológicas que fazem com que temamos que estranhos, seja pela cor da pele, pela língua ou por uma cultura tão diferente, entrem no nosso país natal. Criamos preconceitos tão acentuados que, mesmo ao dizer que somos democráticos e laicos, preferimos nos segregar dos que são diferentes de alguma forma.

  A França levanta a taça de ganhadora da Copa do Mundo 2018, sendo que grande parte do time francês é de filhos de imigrantes, seja vindos de colônias um dia francesas ou de outro qualquer país. Se comemora a vitória do time, a vitória da França, como nação, um país livre, que, ao mesmo tempo, o que não se mostra fora dos campos é o grande problema de xenofobismo e marginalização de refugiados ou seus filhos no país.

  Os Estados Unidos, país da liberdade, um dos muitos importantes para a Organização das Nações Unidas - essa mesmo, responsável pelos Direitos Humanos - não só impedem que pessoas cruzem suas fronteiras, como separa pais e filhos para a deportação. Não estamos falando de refugiados no caso, talvez apenas imigrantes, mas que diferença faz, ao pensarmos que as Américas do Sul, Central ou do Norte foram povoadas não só pela população nativa, como pelos cidadãos vindos dos países que nos colonizaram, como ao longo do tempo, de várias partes do mundo.

  Existem milhares de argumentos, sejam econômicos, sociais e políticos para o que está acontecendo nos Estados Unidos e em muitos outros países do mundo. Hoje a “liberdade” virou propriedade de direita, a “igualdade” da esquerda e, infelizmente, a fraternidade morreu talvez ainda na Revolução Francesa. Que sejamos “Cidadãos do Mundo”, como Charles Chaplin já dizia um bom tempo atrás e que mostra como ainda temos muito que aprender.

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