ARTICULISTAS

Ganhar e Perder

É preciso aprender a dar o verdadeiro valor às pessoas, aos objetos, à natureza, aos lugares

Sandra de Sousa Batista Abud
Publicado em 05/07/2018 às 21:23Atualizado em 17/12/2022 às 11:13
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É preciso aprender a dar o verdadeiro valor às pessoas, aos objetos, à natureza, aos lugares, aos fatos, aos acontecimentos ... como um jogo.

É preciso aprender a procurar o significado do que falamos, do que ouvimos, do que gritamos, do que cantamos ... como “raios fúlgidos”.

É interessante aprender a controlar o comportamento e a ação como o controle do choro e da birra das crianças.

Todas as crianças choram por razões diversas. O chorar, geralmente, está associado a uma batida, um corte ou certos tipos de contato físico com o ambiente. Algumas crianças choram e reclamam sem razão para isto, incomodando e angustiando aqueles que a cercam, conseguindo receber mais atenção de seus professores, pais e outros indivíduos.

O choro pode ser operante ou respondente. O choro respondente é aquele que surge como consequência direta e óbvia do dano físico, ocorrendo imediatamente depois do dano, e não depende da presença de outras pessoas ou circunstâncias particulares. O choro operante, entretanto, não está associado ao dano e só ocorre quando outras pessoas estão presentes. Neste contexto, a criança olhará em volta, para assegurar-se da presença de outros, antes que comece a chorar. A ocorrência dos dois tipos de choro pode ser controlada através de contingências adequadas, mas o tipo operante de choro é mais passível de controle.

O esporte é exaltado também pelo que ele tem de educativo, sendo que a prática regular de uma modalidade exige paciência, persistência, coragem, disciplina, autocontrole... Um esportista enfrenta limites de todos os tipos, tendo muitas dores constantes, pressão e expectativas pessoais e públicas. Lembrem-se do Neymar.

Pode ser que a lição mais difícil do esporte seja aprender a perder... e a ganhar. Tem gente que não sabe ganhar e muito menos perder. Pessoas existem que não sabem compartilhar os méritos da conquista, não sabem extravasar a alegria, não sabem respeitar os derrotados. E também não conseguem lidar com o que vem depois – o aumento de exigências e expectativas, a necessidade de seguir jogando, a possibilidade de perder outra vez...

Cada jogo tem uma história. Ora o time joga mal, ora joga bem, um desfalque, um erro do técnico, um dia infeliz de um jogador, uma arbitragem irritante, um dia feliz do adversário... Há muitos motivos diferentes para resultados ruins.

Em tempo de Copa do Mundo 2018, é interessante lembrar o fato evidente e difícil de admitir: a sensação de que o Brasil é maior que uma Copa e pode se recuperar e ganhar outros jogos, outras Copas.

A Copa está acontecendo. É necessária tranquilidade sem acomodação. “E a próxima partida tem de ser ‘só um jogo’, sem peso dos resultados anteriores, e ao mesmo tempo ‘o jogo’, disputado como aquela final gloriosa”, ou não.

Assim como se aprende a controlar o choro e a birra das crianças, em qualquer ocasião, é interessante aprender a se comportar, é interessante aprender ganhar ou perder.

(*) Psicóloga clínica

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