Estou aposentado e idoso (o padre Prata disse para nunca dizer “velho”). Estas duas condições dão-me uma liberdade grande na arte da vida: não fazer nada por obrigação – e irresponsabilidade cívica. A sociedade humana está obrigada a aceitar-me como a todos os idosos – nós estamos livres do trabalho... e com isto das responsabilidades com a vida da pátria amada. Participo e vejo como os idosos são uma nação diferente: nós nos entendemos em grupo que tem conversa particular, geralmente crítica começando pelo “no meu tempo”... Pois é, entrei neste salão de pouca gente, todos com vontade de falar e serem ouvidos. A plateia é pequena, toda hora mais um vai embora, e o que chega ainda não incorporou como somos poucos e de pouca audiência social. Eu, por sorte ou destino, escrevo um pedacinho neste jornal, e a minha turma diz: vai fundo, João Gilberto! Por ele – e por mim – ponho aqui algumas pinceladas de como vemos a sociedade dos novos. Em primeiro lugar o que sinto é que eles não se interessam pelo passado ou pela história – seus olhos só veem o hoje e o amanhã. O como veem e o que querem e aprendem é coisa de arrepiar a velhice. Por partes e resumo, como classificar o aprendizado da juventude, o que ela quer. De início, jogam no lixo a geração passada, em todos os aspectos. Dou exemplo no que é mais evidente: como são os princípios políticos dos nossos gerentes? Onde está a ética, o bem comum da sociedade em seus projetos? Dou exemplo no partido que está hoje no poder – o PT. Acompanhei seu esforço e sua luta inicial por uma nova sociedade. Agora e hoje, como está? Líderes e projetos antigos estão no lixo, substituídos por aproveitadores e pelo escândalo do dinheiro. O exemplo é contagiante, usa-se de tudo para ser eleito e entrar no time da riqueza e do poder. É preciso ganhar o voto, que tal o resultado das casas populares? Proibido revisá-los no dia de hoje, precisamos mais quinze ou vinte mil, a rima é Brasil!
