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Crônica confidencial

Tenho 85 anos. Deles, passei 25 recebendo educação moral e cívica

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 25/03/2015 às 20:12Atualizado em 17/12/2022 às 00:51
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Tenho 85 anos. Deles, passei 25 recebendo educação moral e cívica apoiada no corpo e na mente humana nos princípios religiosos do ensinamento cristão. Foi fácil, da vida eu não conhecia os caminhos e descaminhos que iria ver e conhecer nos anos seguintes. Medicina é arte completa porque põe na mesa as outras vidas existentes, suas alegrias e sofrimentos. Sem perceber, até sem querer, você incorpora pedaços alheios das vidas humanas das quais vem compartilhar. A educação e a formação cívica e religiosa sofrem um abalo – o mundo é muito maior que a sua personalidade e sua vida imaginaram. De início, a moral e sua ética procuram ser rígidas, preservar as leis, costumes e sentimentos que lhe foram ensinados. Você quer segui-los, armazená-los à sua regra de viver. Sem querer, a sua mente vai dividindo a população humana em duas classes: os bons e os maus. É claro que eu me sinta “o bom” porque ninguém se acha ruim – ruins são sempre “os outros” que incomodam ou são diferentes. O bom, por princípio, não aceita o mau. Por extensão, julga mau tudo que não lhe agrada ou molesta, ou simplesmente lhe contraria. Eu mesmo me surpreendi na intimidade do consultório médico julgando pacientes “bons ou maus” – a meu juízo. Depois, com o tempo e a vida, descobri que muitos julgamentos eram errados, falsos por ignorância ou minha prevenção pessoal. Julguei “mau” gente inocente, que na existência sofreu e viveu cicatrizes. A alguns eu pude me desculpar, ou simplesmente dizer: perdoe-me amigo, eu não lhe conhecia. Internamente eu até gostaria de esquecer ou apagar este julgamento, porque eu me sentia humilhado de ter errado... e culpado. Deus, meu bom amigo, eu sei, já me perdoou, e vai me perdoar se eu errar sem má intenção. Aliás, e por regra pessoal, resolvi a prevenção absoluta deste tipo de pecado pelo método mais simples e absolut não julgar o próximo. Incorporei este princípio, vivo melhor e mais arejado. Às vezes ainda me descuido, mas peço perdão. Minha conta-corrente com o Pai eterno... e com meus próximos... pede desculpas... e pede amor.

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