ARTICULISTAS

A Nossa República

Já passei dos oitenta anos, sei que estou e o que é ser velho

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 25/02/2015 às 19:12Atualizado em 17/12/2022 às 01:17
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Já passei dos oitenta anos, sei que estou e o que é ser velho – a maior parte dos meus colegas de juventude está lá em cima, assobiando, batendo palmas, chamando minha atençã João, o que você está fazendo aí, cara? Estamos te esperando. São Pedro já aprendeu a jogar truco, é um velhaço e poderá ser seu parceiro! Bem, lembro-me deles nas madrugadas, velho acorda cedo porque não sabe e nem tem o que fazer – já tem gente nova em seu lugar. Bem, estou arrumando a minha traia, escolho o padrinho Humberto meu parceiro – jogava mal, honesto demais. E por pensar e falar em honestidade, meu pensamento retorna à terra brasileira. Que saco de gatos está virando este nosso novo Brasil, em colega!? Me dá vontade de ir embora, até São Pedro serve... mas tenho medo de ter como parceiro algum da nossa atual república e democracia. Não sei como se sentem os jovens brasileiros, que vão aguentar a bucha do que chamam Novo Brasil!... Durante algum tempo – infelizmente, pouco tempo –, eu me iludi com as esperanças da nossa democracia e novas lideranças. Achei e acreditei na nova república e novos comandantes, o povo teria voto e juízo para chegar ao destino melhor. Votei em Lula, votei na Dilma. Deu no que deu, minha madrugada acorda cada vez pior. Não vou escrever sobre a Petrobras – estamos extraindo nos Estados Unidos! Vou apenas comentar nossa incompetência com a honestidade e boas intenções – a coisa simples da casa popular. Fui me entusiasmando, dar ao pobre um abrigo, educação, assistência médica e social... um sonho lindo. Novamente deu no que deu: não são aqueles conjuntos de civilização e amigos, são ensinamentos e práticas da perdição pior, porque é generalista. Todos sabem... mas não é interesse contar ou publicar: os nossos conjuntos são uma vergonha cívica. Começam na política: nenhum candidato a vereador ou prefeito pode esquecê-los. Não pelos benefícios, meu bom leitor: apenas pelos votos. Estão cheios de mentiras (ganhou quem não precisa, já tem casa, até segunda mulher etc). São focos de educação antissocial não em instrução, mas sim da lei do mais forte, como, por exemplo, de ganhar a vida no tóxico, na bebida, no roubo. Gosto do exemplo que é meu e comprovado. Minha casa de fazenda é ali pertinho do conjunto 2000. Querendo sossego da televisão à noite, comprei e assentei antena, poste, suportes, fios e o capeta a quatro. Esperei a minha TV chegar à tarde, ficou no ponto em que ia ficar. Fui dormir na cidade, pensando nela... cheguei cedo, meu vaqueiro me contou: doutor, sua televisão sumiu... Bem, já sei até como e onde, desisti! Guardem o meu lugar aí no truco, companheiros!

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