ARTICULISTAS

Educação 4.0

Karim Abud Mauad
Publicado em 08/05/2019 às 08:43Atualizado em 17/12/2022 às 20:33
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Nestes últimos dias, estive participando de eventos com os profissionais do CREA-MG e do CRA-MG, respectivamente órgãos fiscalizadores do exercício da Engenharia e da Administração e Gestão Empresarial. Claro que nestes tempos difíceis para todas as profissões, em função da crise econômica, só para exemplificar, o setor da Construção Civil encolheu 27% em suas atividades, de 2014 até hoje, e, com o elevado desemprego geral, todos estão se mexendo para tentar entender o que de fato está acontecendo e como se pode contribuir para a melhora na formação profissional e no entendimento da realidade nacional, para que se possa destravar a economia, para que se gerem empregos e rendas e, consequentemente, a absorção desses profissionais em suas respectivas áreas de formação e atuação.

Ficando no rico debate da engenharia, surgiu entre várias sugestões a possibilidade de um exame para os profissionais, estilo o exame de Ordem para advogados da OAB, e ou a Residência pós-formatura, como acontece para os médicos do CRM. Fiquei muito preocupado com as sugestões, pois estas profissões têm carreira pública e representatividade diferenciada no MEC. Independente disto, preocupam-me o mau hábito brasileiro de criação de cursinhos preparatórios para este eventual exame e as dificuldades de vagas nestas “hipotéticas Residências”.

Por mais bem intencionadas que sejam as ideias e mesmo acreditando na quase impossibilidade delas prosperarem, eu as uso aqui para tentar contribuir neste debate, pois envolve o bem maior de uma nação, que é a Educação de sua gente. A qualidade, sempre mais importante que a quantidade, gera a necessidade de foco no desenvolvimento do país, direcionando cursos para a vocação das localidades onde estão inseridos, invertendo a lógica da carreira universitária federal, premiando os professores que interajam mais com a comunidade onde se baseiam e menos os que se isolam da extensão, gerando artigos e desenvolvendo pesquisas científicas que tratam em grande parte de nada ou coisa alguma de importância para esta sociedade como um todo. Um esclareciment não estamos generalizando, somos conhecedores de grandes contribuições destas pesquisas para a sociedade; faltam apoio e recursos, e ainda assim sabemos que nesta seara tem muito desperdício e pouca produtividade real. A melhora no uso destes escassos recursos é vital.

E este diagnóstico demonstra a necessidade destas autarquias atuarem para melhorar a formação básica do alunado, focando no aprendizado da Matemática, do Português, com o trato adequado à escrita e interpretação de texto; da necessidade de agir não para fechar escolas, mas para melhorá-las (uma escola ruim é muito mais útil que uma prisão de segurança máxima); de cuidarmos do excesso de mestres e doutores de papel, e não de conhecimento infelizmente; do curso técnico como pré-requisito para o bacharelato; de levarmos os profissionais mais velhos para a convivência com os estudantes, transferindo experiência e recebendo ferramentas modernas, inovação e tecnologia; de trabalharmos a engenharia e a administração social e sustentável e exigirmos dos contratantes da área pública a volta da engenharia ampla, com projetos completos, orçamentos e memoriais descritivos, preços justos e compatíveis, evitando-se o ambiente inadequado, para boas práticas de transparência na gestão do recurso. Enfim, atacarmos as causas, e não as consequências. O assunto é amplo, mas não será com viés político e ideologia de gênero, retaliação orçamentária, que chegaremos aonde precisamos. Educação 4.0 para o século XXI.

Karim Abud Mauad • [email protected]

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