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Cordialidade

Já tem um tempo que queria escrever sobre cordialidade. Um sentimento, um jeito de ser meio em desuso nestes quase 20 anos do Século XXI

Karim Abud Mauad
Publicado em 13/08/2018 às 07:54Atualizado em 17/12/2022 às 12:27
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Tenho o hábito de fazer caminhadas diárias e percebo a dificuldade das pessoas, ao cruzarem nas ruas umas com as outras, de dizerem um simples bom dia, boa tarde, boa noite. Sei que o estado de insegurança que tomou conta de todos, com os alarmantes índices de assaltos, roubos, agressões para tomar um celular, um tênis, faz as pessoas se distanciarem uma das outras, mas, ainda assim, me incomoda a falta de cortesia mínima de todos. Não estou falando aqui do desrespeito no convívio entre pedestres, bicicletas, motos e veículos. Estou me referindo ao afeto de um simples sorriso entre um ser humano e outro, ao se encontrarem nos trajetos. Outro ponto que me chama atenção, num mundo cada vez mais respeitoso com os pets, é a falta de cuidado de alguns donos dos bichinhos, que permitem que seus animaizinhos usem a via pública como privada, sendo assim, querendo ou não, desrespeitosos ou desagradáveis com os outros, que precisam se desvencilhar destes dejetos pelo caminho. Falo desta polidez perdida.

No mesmo sentido, me preocupo com o processo eleitoral em curso, cujo desfecho de candidaturas se dará, definitivamente, dia 15/08/2018, já que a fase de campanha começará dia 16/08/2018, com o primeiro turno de votação ocorrendo dia 07/10/2018. Teremos pouco mais de 50 (cinquenta) dias de campanha. Uma campanha que nem começou e já teve tantas idas e vindas, tanta reviravolta, tanto agrupamento, que a pessoa que foi excessivamente calorosa na pré-campanha, ao comentar sobre um possível adversário de então, pode estar neste momento convivendo com a pessoa ao seu lado. Em outros artigos, sugeri que discutíssemos ideias, e não pessoas, e este vai e vem só reforça a minha tese. Aqui também, o cuidado e a diplomacia deveriam falar mais alto, e, ao agir de forma civilizada, estaríamos todos sendo corteses uns com os outros, pois o respeito ao pensamento alheio é uma forma afável de cordialidade, sinônimos de fato.

Na ponta extrema da amorosidade, tivemos ontem o Dia dos Pais. Tenho certeza que cada um de nós foi gentil, educado com o seu pai, independente da condição que seja sua relação com ele, seja de pai presente, pai ausente, pai de sangue, pai de adoção, pai que mudou de prisma e por aí vai, enfim e simplesmente pai. Espero tenha você agido com afeto com o seu pai, pois neste mundo conturbado, quem não cuida ou lembra dos seus, não cuidará ou lembrará dos outros. Falo desta cordialidade, a boa educação de dizer um simples bom dia, de respeitar a opinião política do outro e do zelo com seus pais e familiares.

A cordialidade, tão ausente hoje, com certeza contribui para este mundo tão insensato em que vivemos.

No caso brasileiro, creio que a figura da cordialidade, imortalizada por Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, de que seríamos um povo alegre, agregador, tolerante, é, no mínimo mal-interpretada. Pois, de fato, temos sido muito mais raivosos contra potenciais inimigos, principalmente usando o anonimato das redes sociais. Falo, de fato, da cordialidade que vem do coração.

Encerro, desejando a todos uma boa e feliz semana, e que Nossa Senhora da Abadia, nossa Padroeira, nos proteja e abençoe a todos.

Karim Abud Mauad

 

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