ARTICULISTAS

Para que serve a literatura?

Crianças aprendem quando observam e perguntam. Dizem que são curiosas

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 03/11/2018 às 11:02Atualizado em 17/12/2022 às 15:04
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Crianças aprendem quando observam e perguntam. Dizem que são curiosas, por isso fazem tantas perguntas aos mais velhos: Por quê? Pra quê? Como funciona? Para que serve isso? Tal lugar não chega nunca? O que é isso? As perguntas funcionam como complementos do processo de aprendizagem, mas também como contestação, autoafirmação, construção das identidades, daí sua importância. O que se espera é que os adolescentes e os adultos continuem o processo de aprendizado da vida, do mundo, afinal, as coisas mudam o tempo todo, ou não? O mundo ainda não parou de girar, né? Ufa, que susto! 

Perguntas de crianças, de adolescentes e de adultos costumam ser diferentes; acredita-se que elas representem estágios diferenciados de maturidade, de capacidade de observação do mundo. As ferramentas à disposição de cada um também não são as mesmas. O mundo é o mesmo, mas existem distintas maneiras de olhar e de buscar as respostas.

Eu gosto quando se buscam as respostas em conjunto, coletivamente. Gosto, também, quando o resultado da busca pelas respostas não chega pronto, fechado, inquestionável. Uma abertura, uma pontinha de dúvida é tão bom, estimula a continuar procurando, perguntando. A curiosidade nunca acaba e, se acabasse, seria mais ou menos como se o próprio mundo acabasse.

Dois pontos importantes: saber fazer a pergunta certa e desconfiar sempre das próprias perguntas e das respostas. Não estou defendendo ou justificando a insegurança, o medo, mas manter atitude ativa diante da dúvida, como metodologia permanente, dialética, ativa, é necessário.

Pensei nisso tudo ao tentar responder a uma pergunta que me fizeram outro dia: para que serve a literatura?

A primeira coisa que me veio à cabeça foi: serve para provocar! Já comecei provocando, no bom sentid serve para provocar o pensamento, provocar reações. Literatura serve, em primeiro lugar, para provocar! A vida sem provocações pode ficar chata, monótona. Alguém gosta de levar a vida sem emoções, sem desafios e sem descobertas? A literatura provoca, no sentido de tirar algo do seu estado de repouso, provoca no sentido de fazer reagir, de incitar e de excitar. Sim, a literatura, a leitura literária, excita e intriga! Pergunte a um grupo de adolescentes. Uma boa provocação desperta desejos. A inteligência não se desenvolve sem algum tipo de provocação. A pesquisa científica também não.

A literatura provoca questionamentos, provoca sensações, provoca raiva, amor, tensão, choro, saudades, risos... Quem nunca teve vontade de jogar longe um livro? Quem nunca pensou em guardar um livro para sempre? A literatura provoca bons sentimentos, boas sensações, provoca bons estímulos, incentiva a luta, a reação contra as injustiças. A literatura liberta! Ela nos proporciona autonomia e independência. A literatura permite diferentes tipos de diálogos: com os amigos e inimigos, com o mundo, com nosso “eu” interior, eu comigo mesmo... Quando leio um livro, eu me conecto com o mundo e isso me mantém vivo! 

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