Diz a regra geral que não se deve sofrer por pouca coisa. É certo. Não se deve padecer por somenos. Mas é relevante também que não se deve ignorar os detalhes, embora possam parecer menores. Ao contrário, merecem ser sempre observados e considerados antes de relegados. Um centímetro, apenas um centímetro, pode ser a diferença entre a ponta da faca que lançou o golpe assassino e a veia fatal da vítima, rei ou plebeu. Enfim, a diferença entre a vida e a morte, entre a mudança ou não do rumo pessoal ou da nação. Detalhes podem definir a existência, a história. É simplesmente um sopro o impulso entre o sim e o não que repercute no restante de sua passagem. Ignorar sinais, evidências, embora sutis, pode modificar substancialmente o resultado. Afinal, uma mera pitada de sal, a mais ou a menos, pode definir o bom e o mau sabor. É de apenas uma fração de segundo o diferencial entre a derrota e o pódio, entre a vitória e a frustração. Reflexo de uma decisão prévia, de um pequeno ponto da véspera, ou da preparação. Uma breve medida de postura pode definir entre o conforto e o incômodo, entre a frieza e o prazer, ou ainda, talvez, a soma das indiferenças de tantos milímetros menosprezados ao longo da jornada. Um instante a mais dedicado ao pensar antes de resolver, a ouvir antes de falar, importa ser de extrema relevância. Observe que apenas um piscar venha constituir um sinal do olhar que permite decidir pelo amor ou pelo desprezo. Pouca coisa sucede do mero acaso. Atente-se. Não sofra por pouco, mas não deixe de ser feliz por um simples detalhe. Um centímetro do movimento do ponteiro do relógio é capaz de representar a transformação do hoje no amanhã, entre um ano em outro, ou até de um século para outro. Portanto, cuide com atenção meticulosa do seu existir. Pode haver apenas uma minúcia entre o ser e o não ser.
