Eram dois irmãos, quase com a mesma idade. Ajustaram se casar no mesmo dia em cerimônia única. Os dois casais viajaram juntos em lua de mel. Já nesta ocasião, o irmão mais velho chamava a atenção do outro ao observá-lo ceder para praticamente todas as vontades da sua mulher. Voltaram. O convívio continuou regular. O irmão mais velho observava a relação do outro irmão e não se continha diante do comando que a cunhada exercia sobre ele, ao ponto de questionar o irmão pela situação. Chegou a dizer que, a rigor, ele era um frouxo. Passado algum tempo, o irmão mais velho separou-se da esposa. Dois anos após se casou de novo. Três anos adiante, não deu outra, separou-se novamente. Algo depois já tentava o terceiro casamento. Foi então que o discreto e silencioso irmão mais novo chegou ao irmão firme e falastrão para, cuidadosamente, dizer-lhe que, se quisesse manter um casamento, como parecia ser da sua intenção, pela insistência evidenciada, tinha que aceitar ser "frouxo", como há muito havia o intitulado. Tinha que mandar menos e mais ouvir, tolerar, compreender, compartilhar, comungar, dividir, silenciar, ceder, tinha que ter cuidado ao falar, acatar críticas, dialogar, enfim, tinha que, de fato, aprender a conviver ou simplesmente amar. Ao contrário, melhor seria permanecer sozinho, afinal apenas isolado não se tem que exercer plenamente essa equação. E que não tivesse atrevimento de pensar que seu par não estaria fazendo o mesmo, suportando suas manias, pois todos as têm. Enfim, que entendesse que ser frouxo, de todo não era tão absurdo.