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Partiu? Por que partiu?

Juro, Padre, por essa não esperava. O senhor partir fora do combinado! Não foi correto

Luiz Gonzaga de Oliveira
Publicado em 06/04/2019 às 10:15Atualizado em 17/12/2022 às 19:41
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Juro, Padre, por essa não esperava. O senhor partir “fora do combinado”! Não foi correto. Tínhamos marcado um “papo” para a semana que vem! Trocar figurinhas, falar de futebol e o senhor “tira o time de campo”? Tá certo, não! Há mais de 70 anos fui seu “coroinha” e, quando me convidou, quis saber o que era aquilo. Pacientemente, veio a explicaçã “Coroinha é aquele menino que, na missa, faz o papel de acólito nas funções litúrgicas e auxilia o padre no ministério religioso. Na hora da comunhão, bate o sino estridente, anunciando o ápice do oficio religioso”. É, Padre Prata, até hoje não esqueço aquele som divino...

Depois, o senhor “bateu asas”; Belo Horizonte, lecionando para gente importante da capital. D. Cabral, o arcebispo de lá, não queria que o senhor voltasse, lembra-se? E aquela fase em Uberlândia, lotando aquela igrejinha de bairro, fiéis às pampas, ouvindo suas pregações? Seu poder de aglutinação de massa, incomparável! O trabalho sempre obstinado o levou a lecionar para os marmanjos da UFU, Sociologia, Psicologia e o escambau. Seu gênio inquieto, lutador, ensinando sempre, lecionou também nas Faculdades Integradas “Santo Thomaz de Aquino” (FISTA), ao lado da saudosa Irmã Loreto. Pena que acabaram sendo perseguidos pelos “dedos-duros” da “revolução”, plantados na amada terrinha... Quanta saudade!

Palmério contava com o examinador de Latim, no Direito. Mesmo mostrando o “distintivo” do Uberaba Sport, ele me fez dizer vários versos das “Catilinárias”. Por sorte, estava preparado. Aliás, do USC, era tão apaixonado que não perdia nem treinos... Nosso “sarro” maior era quando jogavam Botafogo e Flamengo. O “Fogão” vencia, ele sumia. O “Mengão” ganhava, eu fugia... Quando o “roubei” do “Jornal da Manhã” para meu “Cidade Livre”, a Lídia Prata não se conformou... Vendi o jornal, Padre Prata voltou aos braços da antiga casa, de onde nunca mais saiu.

Boa “pinta”, as “capetinhas de plantão” não lhe davam sossego. Resistiu, santa e bravamente, ao pecado... Estava ao seu lado quando os “milicos” o levaram para explicações, nos Correios. Coisa feia! Padre Prata nada devia. Deu-lhes um “banho de sabedoria, espírito cristão e cultura”. Ficou tão somente o desprazer daquelas dez horas de intenso “tiroteio” sem utilidade. Comunista?... pois sim! O trabalho de evangelização que realizava na periferia da cidade é o que contava. Que o diga os moradores do Tutunas e adjacências...

E o nosso “timão” do “Correio Católico?” Padre Prata, centroavante, marcava gols até de calcanhar e outras vezes, de “letra”. “PP”, sigla com a qual gostava que o chamassem, honrou as duas letras. Sua partida, fora do combinado, abriu um abismo na cultura, inteligência e sensatez da gente uberabense, que dificilmente será preenchido. Até um dia, Amigo!

P.S.: - Afinal, quem levou o Rodrigo Mendes para o Flamengo? O senhor ou o Raul Jardim? Resolvam “aí em cima”... 

(*) Jornalista

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