ARTICULISTAS

Maio, Maria, mãe!

Caracterizar cada um desses três universos pode revelar excesso de confiança ou uma especial

Solange de Melo M. N. Borges
Publicado em 08/05/2018 às 21:52Atualizado em 16/12/2022 às 03:56
Compartilhar

Caracterizar cada um desses três universos pode revelar excesso de confiança ou uma especial capacidade de alargar o campo da intuição, da fé e do amor. Como não tenho tantas qualificações assim, procurarei apenas juntar os três elementos para saudá-los com a importância da qual são revestidos.

Na Grécia Antiga, a deusa da fecundidade Artemisa, tinha todo o mês de maio dedicado a homenageá-la. A tradição avançou pelo tempo e, no século XVII, a Igreja Católica passou a dedicar o mês de maio a celebrações especiais para homenagear a Mãe de Deus – Maria.

Sem a menor dúvida, pode-se afirmar que há uma perfeita sintonia entre os três elementos em tela: maio, Maria e mãe.

Apesar da centralidade que a categoria “mãe” adquiriu, no Brasil, nas últimas décadas, a necessidade comercial de estratégias para aumentar as vendas, penso que seria melhor associá-la ao papel fundamental para o equilíbrio da sociedade, no atual momento. O alto risco social que conhecemos tão bem passa por novos significados, justamente pela clara ausência de mães. A sociedade brasileira, de forma específica, converteu-se na sociedade da catástrofe moral na medida em que debruçadas sobre esta condição, conclui-se que faltam mães!

A modernização social, acompanhada de deterioração nas condições de vida da população, desencadeou um processo de crescente fragilização das famílias no que se refere à disciplina, ao respeito, à obediência, à justiça e ao amor. Assim, as consequências morais e políticas desse abandono familiar atravessaram o modo de vida dos brasileiros, o que é identificado nos evidentes e alarmantes crimes de toda natureza e por indivíduos de todas as classes sociais.

Nesse contexto, a ênfase atribuída ao papel da mãe no quadro instalado deixa claro que há uma emergência em transformar mulheres parideiras em mães. As primeiras se enchem de filhos “sem dono”, enquanto essas últimas cuidam e protegem os seus pequenos com desvelo e carinho. A mãe tem obrigação com o filho. Proteção e autoridade são direitos dos filhos. Dizer “não” é uma das sagradas obrigações maternais, é o ensinamento que mostra ao pequeno ser como negar aquilo que é ruim, danoso ou inadequado, enquanto ele não sabe fazê-lo.

Segundo sábias palavras do padre Fábio de Melo, “o prazer da relação entre mãe e filhos é quando ela fica gratuita, quando eles crescem. Nesse estágio, ou os seus filhos amam estar com você ou não significa nada o fato de você ser a mãe deles”. Nesse último caso, houve uma perda do vínculo pelos caminhos da vida e o que restou foi somente a obrigação.

Faz sentido que se chame atenção para o mês de maio, de Maria e das mães para além dos presentes e das flores. A imensa importância da mãe reside na construção de um cidadão cuja noção de amor materno esteja relacionada aos inúmeros fatos nos quais a sua mãe dedicou-lhe, de alguma forma, castigo ou correção. A bênção, minha mãe!

(*) Professora, economista

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por