ARTICULISTAS

O vendedor de maçã do amor

Quem é esse ambulante, grotesco, horrendo e caricato que está sentado no banco dos réus?

Solange de Melo M. N. Borges
Publicado em 09/03/2018 às 20:03Atualizado em 16/12/2022 às 05:44
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Quem é esse ambulante, grotesco, horrendo e caricato que está sentado no banco dos réus? Não se pode admitir que lá esteja apenas por ter sido flagrado roubando, pilhando um cafona  apartamento num prédio de pouco ou nenhum luxo. Muito menos pelo sítio de pequenas dimensões, apesar das instalações de conforto e belezas naturais, que sob a capa de proprietário está o nome do seu amigo. Mas, poderia ser pela fortuna amealhada por ele próprio e por seus familiares mais próximos, como a ociosa milionária esposa morta, ou os filhos tratadores de zoológico, sem que para isso tivesse sido encontrada uma razão de trabalho árduo, profícuo e rentável por excelência.

Ao responder por estes crimes, um indivíduo mereceria muito mais do que doze anos de prisão em regime fechado. Afinal, se somados, a corrupção ativa e passiva, a lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e o enriquecimento ilícito creio que o resultado seria mais justo se a penalização fosse acima de 20 ou 30 anos.

No entanto, não foram esses os crimes praticados por este falso vendedor de maçãs do amor, vermelhas e brilhantes por fora. Não, esse ladrão que assaltou a sociedade brasileira, não foi nada modesto. Além do dinheiro, roubou, sobretudo, a espessura da nossa história, a dignidade de um povo, a paz social e a estabilidade das relações entre os cidadãos. Na verdade, ele cometeu um crime contra a humanidade na medida em que subverteu a ordem e colocou em risco a vida e a segurança de todos os brasileiros. O país se tornou um verdadeiro caos, inabitável, pobre, doente, morrendo aos poucos de inanição e falta de dinheiro para comprar o próprio sustento ou pagar pelo remédio que cura os males do corpo.

Ao assumir o governo, a estrela do PT pregava a crença messiânica da social democracia e as ações passaram ao demagógico padrão “tribuna dos pobres” dentro do ideal igualitário e, do controle estatal ainda mais amplo sobre as atividades econômicas. O país se transformou, sem que o brasileiro notasse, numa tecnocracia sem lastro, sem dignidade e sem moral. A corrupção, em todos os setores da vida nacional, passou a ser um jogo entre grandes empresas e os principais agentes políticos. Enquanto o povo se lambuzava nos programas sociais que garantiam “vida boa” para os mais pobres, os dirigentes políticos promoviam um verdadeiro “limpa tudo” nas caixas registradoras do país.

Ao final de 13 anos no poder, o PT e sua corja deixam um rastro de penúria na sociedade brasileira: estados falidos, governo central sem recursos para bancar a farra da vida palaciana e os programas sociais. O fraudulento esquema de benefícios vem sendo desmistificado pela Operação Lava jato. Assim, passo a passo, a Polícia Federal mostra para a população e, quiçá, leve para a cadeia os principais responsáveis pela desordem que paralisa o país.

A presença de grandes dimensões de risco na sociedade brasileira, exige, neste momento, um enfrentamento político eficaz, associado a respostas positivas e urgentes. Tais procedimentos  só podem partir de um governo que tenha competência para restaurar a confiança no país.

Enfim, a versão benemerente petista era tão somente uma maçã do amor: vermelho vivo por fora, mas, pálida, sem vida e podre por dentro, e o vendedor, um farsante, um pústula que degrada a profissão de ambulante. 

(*) Professora, economista, pós-graduada pela PUC/MG

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