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Um menino pobre que virou ídolo mundial

Hoje excepcionalmente estou mudando meu artigo, escrevo sobre um menino pobre da Parada Inglesa...

Paulo Nogueira
Publicado em 01/10/2012 às 08:53Atualizado em 19/12/2022 às 17:07
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Hoje excepcionalmente estou mudando meu artigo, escrevo sobre um menino pobre da Parada Inglesa em São Paulo, para os campos de futebol do mundo. Djalma Santos é um exemplo de vida, de persistência, superação, de amor ao próximo. Exemplo de que nem sempre para ser imortalizado no esporte mais popular do mundo, é preciso ser um artilheiro. Nascido em 27 de fevereiro de 1929, Djalma Santos trilhou na carreira do futebol.  Um atleta perfeito, uma saúde de ferro, conquistada com uma consciência de homem e profissional. Dono de uma técnica primorosa, impressionava pela segurança que impunha no seu setor, um zagueiro firme. Djalma iniciou sua carreira como jogador na Portuguesa de Desportos, onde atuou por dez anos. Em 1959, transferiu-se para o Palmeiras, onde atuou por mais 10 anos. No ano de 1969, foi jogar no Atlético Paranaense, onde ficou por três anos - nestes três clubes, Djalma se imortalizou.

Defendeu a seleção paulista por quatro anos consecutivos, defendeu a seleção brasileira por dezesseis anos, disputou quatro copas do mundo (1954-1958-1962-1966). Foram 113 jogos pela seleção brasileira, sendo o primeiro jogador a superar a marca dos 100 jogos.    

Jogou 23 anos profissionalmente e disputou cerca de 1.600 partidas, sem nunca ter sido expulso. Djalma Santos foi o primeiro jogador brasileiro a integrar a seleção da FIFA na partida comemorativa em Wembley no centenário do futebol, no ano de 1963. Ele foi o jogador que inventou uma jogada que só se popularizou anos mais tarde, ou seja, a cobrança de lateral diretamente na área. Como também se tornou um dos primeiros da posição a apoiar o ataque, e foi eleito pela FIFA, o melhor lateral direito do mundo de todos os tempos.

Escrevo hoje sobre meu amigo Djalma Santos, por uma grande curiosidade. Foi no Pacaembu, no jogo entre a seleção brasileira e seleção do Uruguai, no ano de 1968, que Djalma Santos jogou pela última vez.  A Rádio Sete Colinas, e o Jornal Correio Católico, realizavam a cobertura do jogo, com os saudosos companheiros Farah Zaidan narrando,  e   Ramon Franco Rodrigues comentando, e eu, que iniciava naquela oportunidade, minhas atividades no jornalismo.  Djalma jogou apenas 15 minutos.

     A CBD na época, programou sua despedida dos gramados, naquela partida. Quando Djalma saía de campo, o público ficou de pé e aplaudindo (estádio superlotado), eu entrei  no gramado e fui ao seu encontro para entrevistá-lo. Muito emocionado, Djalma só agradecia, chorando muito, gesticulava, agradecendo a torcida. Foi uns 10 minutos de aplausos, a partida ficou interrompida. O juiz a esta altura, me colocou para fora do campo, argumentando que eu não podia ter entrado no gramado naquela oportunidade. Fui retirado do campo, com prazer, porque fui o único repórter a falar com o Djalma, naquele momento, e ele lembra muito bem deste fato.

Hoje, Djalma mora em Uberaba, para nossa felicidade.

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