ARTICULISTAS

A abolição da escravidão no cenário uberabense

A data 13 de maio de 1888 ainda é lembrada no Brasil, sobretudo nas escolas

Júlio César de Souza
Publicado em 18/05/2012 às 20:38Atualizado em 19/12/2022 às 19:38
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A data 13 de maio de 1888 ainda é lembrada no Brasil, sobretudo nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, onde os professores narram para os seus alunos o “áureo” acontecimento da abolição da escravatura. Nessa exata data a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, concedendo a tão sonhada liberdade para os escravos brasileiros. O evento acontecido na corte brasileira, o Rio de Janeiro, logo se espalhou para as demais províncias do país, umas receberam a notícia mais rapidamente, outras nem tanto, dependendo da sua localização, importância regional e logística. Distante da corte, em sentido ao sudeste do país, um grande território pouco povoado, numa região conhecida como Sertão da Farinha Podre  (atual Triângulo Mineiro), numa pequena cidade, publicara-se a seguinte notícia:

“Numerosos bandos de homens de côr percorriam ruidosamente a cidade, dando vivas à liberdade, ao ministério 10 de março, a Princeza Imperial Regente e ao Imperador.

De todas as estradas convergiam grupos de pretos que abandonavam as fazendas, circunvizinhas.

A 21 deste meio dia, viam-se destacados em grande número cavalheiros na estrada que desta vae, daí à cidade do Sacramento, afim de encontrar o Correio.

Pouco a pouco esse grupo foi-se aumentando com numeroso contingente de homens e mulheres a pé, que se lhe haviam ido unir.

Era indescriptível o delírio dessa multidão que ia receber dentro e pouco a confirmação de que eram, de facto, cidadãos livres” (Gazeta de Uberaba, 25 de maio de 1888).

Essa pequena urbe era Uberaba, onde num clima de alegria a população escrava tomou ciência da Lei Áurea. O fragmento acima era a publicação noticiando a abolição da escravidão no Brasil pela princesa Isabel, no jornal Gazeta de Uberaba. A partir desse fato registrado num jornal da época, podemos perceber a reação popular sobre o acontecimento. Como os principais beneficiários da lei reagiram num primeiro momento, o do tomar conhecimento do fato? Um momento festivo iniciava-se para os negros e abolicionistas da cidade. Porém, os ex-proprietários não tiveram motivos para participar de tal comemoração.

(*) Professor de História e mestrando em História pela UFU

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