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Exercícios físicos e a dor lombar

Manter o equilíbrio entre as estruturas que compõem a coluna vertebral

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 24/01/2012 às 10:37Atualizado em 17/12/2022 às 07:58
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Manter o equilíbrio entre as estruturas que compõem a coluna vertebral, que incluem músculos, ossos e estruturas articulares, é indispensável para o perfeito funcionamento desse nosso eixo de sustentação. No entanto, as constantes mudanças de posturas realizadas pelas pessoas no seu dia-a-dia expõem a coluna a lesões, o que muitas vezes transforma essa tarefa em um verdadeiro desafio.

Um desequilíbrio biomecânico das estruturas da coluna vertebral atua como fator nocivo sobre ela mesma. Quase todas as estruturas que compõem os segmentos lombares apresentam inervações responsáveis pela manifestação da dor. A falta ou excesso de esforço físico sobre essas estruturas facilmente acarretará danos à mecânica do ser humano em seus componentes osteomusculares.

Modernamente, a atividade física vem sendo estudada no sentido de promover a saúde coletiva. A vida sedentária é cada vez mais reconhecida como importante fator contribuinte para a ausência de saúde e morte precoce. A Organização Mundial da Saúde e a Federação Internacional do Esporte estimam que metade da população mundial seja inativa fisicamente, ou sedentária. No Brasil, cerca de 60% dos brasileiros não praticam nenhum tipo de atividade física. No entanto, esses programas de exercícios têm estado voltados principalmente ao combate de doenças cardiovasculares e metabólicas crônicas, como as doenças do coração e obesidade, e não ao sistema musculoesquelético especificamente, o que poderia, por exemplo, auxiliar a prevenção e/ou o tratamento da lombalgia. 

Estudos mostram que indivíduos com histórico de lombalgia apresentam pouca força muscular no tronco (abdome, peito e costas) e fraqueza muscular generalizada, se comparado àqueles que não apresentam essa patologia. Isso ocorre porque a atrofia muscular leva à sobrecarga de outras estruturas lombares, além de diminuir a coordenação do correto movimento a ser realizado pelas estruturas articulares, nos esforços repetitivos e de levantamento de peso exigidos durante as atividades diárias.

Em geral, as pessoas com dor lombar apresentam a região da musculatura do abdome mais fraca e da coluna menos flexível. Uma pesquisa feita com estudantes jovens identificou menor força dos músculos da coluna e do abdome nos indivíduos que sentiam dor lombar, quando comparados aos pacientes sem esse sintoma. Quanto à flexibilidade, indivíduos inativos apresentam menor amplitude articular em várias tarefas diárias; o resultado é, normalmente, rigidez articular e limitação grave do movimento, impossibilitando-o de ser realizado sem dor. Em outras palavras, pessoas mais fracas necessitam de mais esforços para realizar determinadas tarefas, ficando mais expostas a lesões, e pessoas pouco flexíveis, em geral, têm dificuldade de manter as várias posturas, estressando os discos vertebrais.

A intervenção dos exercícios de fortalecimento da musculatura do tronco e membros pode representar a diminuição da incidência e da duração dos episódios de lombalgia, bem como auxiliar na promoção da saúde do corpo de modo geral.

Referências

van Middelkoop M, Rubinstein SM, Verhagen AP, et al. Exercise therapy for chronic nonspecific low-back pain. Best Practice & Research Clinical Rheumatology 2010; 24(2):193-204. Choi BKL, Verbeek JH, Tam WWS, et al. Exercises for prevention of recurrences of low-back pain. Occup Environ Med 2010; 67:795-796.

 

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