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Dor lombar (lombalgia)

A coluna de hoje dará início a uma série que tratará sobre um problema que acomete grande parte da população

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 10/01/2012 às 11:23Atualizado em 17/12/2022 às 07:45
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A coluna de hoje dará início a uma série que tratará sobre um problema que acomete grande parte da populaçã a dor lombar. É bem provável que você ou algum familiar próximo conviva diariamente com as dores nas costas, mais especificamente na região da coluna lombar, seja de forma aguda ou crônica. Isso porque esse tipo de dor atinge cerca de 80% a 90% da população geral, com incidência igual em ambos os sexos.

Lombalgia é o nome específico dado a esse tipo de dor, definida como o conjunto de patologias dolorosas que acometem a região da coluna lombar. Essa dor normalmente é intensificada pelo movimento da coluna em atividades e hábitos diários, passando a ser caracterizada como dor crônica quando persiste por período superior a seis meses, resultando em elevados custos ao sistema de saúde e afetando vários segmentos sociais e econômicos. Frequentemente, afeta diversos aspectos da vida, podendo levar a distúrbios do sono, irritabilidade e depressão.

Estima-se que de 70% a 85% dos adultos poderão sofrer algum episódio de lombalgia ao longo da vida, principalmente durante a idade economicamente ativa. Trata-se de uma das grandes causas de morbidade e incapacidade funcional, tendo incidência apenas menor do que a cefaleia (dor de cabeça) entre os distúrbios dolorosos que mais acometem os indivíduos. Cerca de 10 milhões de brasileiros se encontram incapacitados por causa desta morbidade atualmente. Nos Estados Unidos, a lombalgia é a causa mais comum de limitação de atividades entre pessoas com menos de 45 anos e a segunda razão mais frequente para visitas médicas, a quinta causa de admissão hospitalar e a terceira causa de procedimentos cirúrgicos.

Os custos diretos de tratamento de dor lombar na Austrália são em torno de US$ 1 bilhão por ano, com mais de US$ 8 bilhões gastos em custos indiretos. Nos Estados Unidos, esse valor é ainda maior: mais de US$ 50 bilhões. 

A lombalgia é uma condição comum musculoesquelética com diversas possíveis causas, podendo ocorrer em qualquer faixa etária, mas, de forma mais frequente, entre adultos e idosos. Exames radiológicos apresentando degeneração discal lombar são quase universais em adultos e esse problema tem sido frequentemente proposto como uma das principais causas da lombalgia. Os fatores de risco específicos para a dor lombar permanecem pouco claros e ainda não há um consenso sobre tais informações. A falta de padronização de critérios clínicos e radiológicos para diagnósticos diferenciais ainda dificultam a realização de estudos epidemiológicos de qualidade.

Como se pode perceber, a dor lombar crônica deve ser tratada como um importante problema de saúde pública. O conhecimento do perfil sociodemográfico desses indivíduos e dos fatores de risco associados à lombalgia é primordial para que se realize políticas públicas que visem o controle desse problema com base em intervenções preventivas e/ou terapêuticas.

Referências

Williams CM, Maher CG, Hancock MJ, et al. Low Back Pain and Best Practice Care: A Survey of General Practice Physicians. Arch Intern Med 2010; 170(3):271-7.

Hoy D, Brooks P, Blyth F, Buchbinder R. The Epidemiology of low back pain. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2010; 24(6):769-81.

 

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