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Síndrome da Dor Trocantérica

Atualmente, o nome “Síndrome da Dor no Trocânter Maior” (SDTM) tem sido utilizado para caracterizar melhor essa condição, e sabe-se que a dor e a sensibilidade originadas no ...

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 13/12/2011 às 10:06Atualizado em 19/12/2022 às 21:01
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O termo “bursite trocantérica” foi usado pela primeira vez em 1923, por Stegemann, para designar dor crônica e intermitente acompanhada de sensibilidade à palpação na face lateral do quadril. Por muito tempo, esse termo se manteve e desde então os sintomas associados a ele são frequentemente confundidos com outras patologias.

Hoje já se sabe que o uso do termo “bursite trocantérica” para designar o estado clínico descrito acima pode ser um equívoco, uma vez que os três principais sintomas da bursite, que são inflamação, vermelhidão e inchaço, podem muitas vezes estar ausentes. Só em 1958, a expressão “síndrome trocantérica” foi proposta para se referir aos sintomas que envolvem a região do trocânter maior.

Atualmente, o nome “Síndrome da Dor no Trocânter Maior” (SDTM) tem sido utilizado para caracterizar melhor essa condição, e sabe-se que a dor e a sensibilidade originadas no trocânter maior atingem também nádegas, região lombar e porção lateral da coxa. Essa síndrome pode estar associada a uma variedade de outras causas que não só a bursite, como veremos a seguir.

A bursite ou inflamação da bursa (bolsa cheia de líquido que amortece o contato entre o osso e um músculo ou tendão) pode resultar de microtrauma crônico, disfunção muscular regional, uso excessivo da articulação ou de uma lesão aguda, como aquela provocada por uma queda. No entanto, o erro diagnóstico é comum. Em uma revisão retrospectiva de ressonâncias magnéticas obtidas em 24 pacientes com dor lateral do quadril, a bursite foi encontrada em apenas 8% dos casos.

Muitos outros fatores de risco também têm sido associados à SDTM, incluindo idade, sexo feminino, distúrbios na banda iliotibial (ITB), osteoartrite do joelho, obesidade e dor lombar. O aumento da prevalência em mulheres pode ser atribuído à biomecânica alterada associada com diferenças no tamanho, forma e orientação da pelve, e sua relação com a ITB. Já a obesidade pode contribuir pelo efeito combinado de aumento do estresse no quadril, osteoartrite do joelho e dor lombar.

Outra causa muito frequente da SDTM é a tendinite (inflamação) ou a tendinopatia (tendinose = degeneração) dos tendões ligados a essa região óssea, assim como as lesões na junção musculotendíneas. Os músculos do glúteo maior, glúteo médio e mínimo, assim como o músculo tensor da fáscia lata (TFL) são os principais abdutores do quadril (abertura da coxa) e têm sido considerados importantes no diagnóstico da SDTM. Lesões nesse sistema muscular e nos tendões associados a ele podem ser causados pela tensão imposta pela banda iliotibial (ITB) e/ou pelo excesso de uso.

Causas específicas de SDTM incluem atividade repetitiva, trauma agudo, deposição de cristais de Pirofosfato de Cálcio, infecção e inflamação. Na maioria das vezes, um evento inicial ocorre em regiões anexas ao trocânter maior, com posterior acometimento das bursas adjacentes. Isso mostra a complexidade da síndrome e a necessidade de tratar cada quadro clínico de forma individual para que se tenha um diagnóstico preciso.

Referências

Williams B, Cohen SP. Greater Trochanteric Pain Syndrome: A Review of Anatomy, Diagnosis and Treatment. Anesth Analg 2009; 108(5):1662–70.

Bird PA, Oakley SP, Shnier R, et al. Prospective evaluation of magnetic resonance imaging and physical examination findings in patients with greater trochanteric pain syndrome. Arthritis Rheum 2001; 44:2138–45.

 

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