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Desemprego, crescimento e educação

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o Banco Central e o Tesouro divulgaram números que reduziram as previsões

Aristóteles Atheniense
Publicado em 17/04/2019 às 22:19Atualizado em 17/12/2022 às 20:01
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A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o Banco Central e o Tesouro divulgaram números que reduziram as previsões de crescimento no corrente ano. A Fundação Getulio Vargas foi além, reconhecendo que esta década já malogrou, com o PIB pior do que o dos anos de 1980. 

Esse resultado guarda relação com as pesquisas de opinião pública que acusaram queda na aprovação do atual governo no último trimestre. Daí não se poder separar um resultado do outro, como se a elevação do índice de desemprego importasse em fato isolado que não repercutisse na avaliação que os brasileiros fazem de seu mandatário.

Segundo alguns economistas, para o país crescer e criar empregos, é preciso reduzir o déficit fiscal, abrir a economia e investir em educação. Mesmo admitindo que a recuperação dos empregos seja demorada, devido aos inúmeros fatores que concorrem para os efeitos perniciosos da política iniciada com Dilma Rousseff, a criação de novas vagas mostra-se lenta e desanimadora.

No biênio 2015/2016, conforme dados do FMI, mais de 90% dos países tiveram desempenho melhor do que o Brasil.

Conforme dados do IBGE, no final de fevereiro, a população ociosa atingiu a 13,098 milhões, apontando um crescimento de 7,3% em relação ao trimestre de setembro a novembro/2018, que atingira a 12,2 milhões.

Foi no governo que sucedeu ao de Lula que a economia mergulhou na pior recessão da história. Temer esforçou-se em amenizar a crise, sem conseguir fazer a economia crescer. Dilma incentivou o aumento da oferta de crédito, enquanto o Banco Central, paradoxalmente, adotava medidas para conter o crescimento dos empréstimos.

Vale realçar o expressivo número de desempregados (1,098 milhão) que formaram a fila sinistra do Anhangabaú em 26 de março passado. O mais preocupante é que 4.855 milhões não estão compreendidos naquele número. Trata-se de uma categoria desfalecida após um esforço ingente em obter uma ocupação útil, cujo rendimento pudesse lhe assegurar, pelo menos, um prato de comida.

A maioria dos que aspiram uma colocação acalentava o sonho de que o novo governo imprimisse diretrizes em sua atuação que lhes assegurasse, o quanto antes, condições de sobrevivência. Esta situação de penúria, a persistir, importará num risco para a própria segurança da sociedade, contribuindo para que o número de delitos contra o patrimônio se torne ainda maior.

A taxa de desemprego, sem perspectiva de redução, ainda que a longo prazo, está em contramão com aquilo que o povo esperava de uma administração que acenava com a vigorosa retomada da economia.

O Brasil ainda não saiu do ponto morto em que foi deixado nas gestões anteriores, com os economistas se debruçando sobre números, na tentativa desesperada de prever o que virá em seguida.

A decantada retomada do crescimento somente será obtida quando conseguirmos debelar o problema capital, que estaria em vias de ser contornado. Mas isto não ocorrerá, em face dos estudos do IpeaData mostrando que o Brasil está no pior momento desde 1901. Voltou a ter 13 milhões de desempregados, sem que a tímida melhoria conhecida em 2005 seja suficiente para gerar confiança em números mais promissores.

Ainda que a reforma da Previdência seja a condição necessária para nos livrarmos desse sufoco, ela não bastará sem que seja enfrentado o grande rombo fiscal dos últimos anos. O desemprego é uma figura apavorante, sendo certo que não haverá mais oferta de trabalho sem crescimento.

E para prosperar é indispensável que a economia seja modernizada, o que implica numa agenda bem ordenada, que só produzirá efeito se houver investimento na educação.

(*) Advogado, conselheiro nato da OAB e diretor do IAB

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