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Um governo sem rumos definidos

Os degradantes ataques recíprocos que antecedem a votação em segundo turno refletem a ausência de perspectivas

Aristóteles Atheniense
Publicado em 31/10/2018 às 21:09Atualizado em 17/12/2022 às 15:00
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Os degradantes ataques recíprocos que antecedem a votação em segundo turno refletem a ausência de perspectivas necessárias para que o eleito assuma a liderança da Nação. 

Faltando poucos dias para a escolha derradeira, os contendores perdem-se em considerações supérfluas, sem se preocuparem com o saneamento da dívida pública, que constitui o requisito primordial e capaz de lhes permitir cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral.

O espetáculo deprimente a que estamos assistindo revela que nenhum dos beligerantes se empenha realmente em discutir os graves problemas nacionais. Já se pode antever o desencanto que sobrevirá a partir do primeiro dia do mandato daquele que for escolhido para atender os 208 milhões de cidadãos, que nenhum benefício obterão das vexatórias campanhas marcadas de agressividade e vazias de propostas concretas.

O candidato que reúne maiores possibilidades de êxito relutou-se em emitir sua opinião sobre temas relevantes, como as reformas previdenciária e fiscal, não trazendo qualquer contribuição para a crise do desemprego de 14 milhões de brasileiros, credenciando o futuro ministro do Planejamento, Paulo Guedes, para fazer as suas vezes.

De sua parte, há um inaceitável propósito em não se posicionar claramente a respeito dos assuntos mais preocupantes ligados à economia, tendo o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) antecipado que “se o Jair for escolhido, nossas ações iniciam só em 2019”. Isso demonstra o grau de incerteza a que chegou o futuro Presidente, pois, a prevalecer esse critério, haverá menos gasto público e a deterioração de serviços essenciais à população de baixa renda.

E disso advirá, certamente, uma queda de aprovação do candidato, gerando insatisfações e talvez comoções sociais que poderão levá-lo ao emprego de meios coercitivos, com a finalidade de conter movimentos populares que venham a surgir.

Conforme anotou a colunista Vera Magalhães (“O Estado de S. Paulo”, 14/10/18): “Seria importante o candidato já ir falando o que pretende fazer caso eleito em questões que realmente dizem respeito às atribuições de um Presidente; já ir se dispondo a debater com seu adversário, que foi colocado no segundo turno por uma parcela do eleitorado que ele também terá de governar caso eleito, já ir amansando seus radicais e já ir entendendo que instituições como imprensa e Justiça Eleitoral não são inimigos a serem evitados ou descredenciados, mas pilares importantes da sociedade”.

Esta sensatez constituirá a razão de ser de um governo que esteja propenso a converter em realidade tudo aquilo que prometeu ao eleitorado, que via nele a única possibilidade de levar o Brasil a dias melhores que os atuais. 

(*) Advogado e conselheiro nato da OAB, diretor do IAB e do iamg

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