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Alzheimer

Assisti a uma explanação bastante didática sobre o mal de Alzheimer feita por um médico.

Mário Salvador
Publicado em 25/02/2019 às 22:44Atualizado em 17/12/2022 às 18:30
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Assisti a uma explanação bastante didática sobre o mal de Alzheimer feita por um médico. Ele explicou o que é a doença, suas causas e tratamentos, apontou os sintomas que permitem aos familiares do portador da doença identificar o mal, e mostrou como cuidar do doente, de forma a atenuar o sofrimento dele. Na abordagem, um pormenor me chamou a atençã pequenos esquecimentos não estão necessariamente ligados ao mal de Alzheimer. Assim, perguntar se alguém sabe onde estão nossos óculos não chega a ser um problema. Óculos têm pernas e por isso eles nunca se dispõem a ficar onde os colocamos. Não é que a gente esqueça onde os colocou; eles é que são uns sádicos: mudam de lugar para caçoarem de nós.   Segundo o médico, esquecer nomes das pessoas, ainda que de convívio antigo e diário, também não tem a ver com a doença. (Sou um mestre nessa arte.) Porém esquecer-se de pagar uma dívida é caso grave. (Mas nada ligado ao mal de Alzheimer. É velhacaria mesmo. E essa observação é minha. Nada a ver com o que o médico discorreu.)   Conforme estatísticas, no Brasil, um milhão e duzentas mil pessoas têm o mal de Alzheimer. É muita gente! (E eu ainda estou fora, apesar de meus esquecimentos diários.) Mas provavelmente haverá muito mais do que isso, se incluirmos a maioria de nossos políticos. É que, em época de eleições, antes de os candidatos receberem os votos com que conquistarão seu lugar ao sol, eles fazem suas promessas de campanha. E, uma vez eleitos, esquecem-se, por completo, de suas promessas e obrigações; esquecem-se de defender o povo, de puxar a orelha de governantes, de lutar pela decência das autoridades do país, esquecem-se de que não podem receber valores ou vantagens para votar (ou não votar) uma determinada lei e se esquecem dos seus eleitores. Ah! Esses esquecidinhos... (E há eleitores que se esquecem de que aquele político fez o que fez: foi péssimo no decorrer do mandato. E o ajudam a se reeleger).   Numa metáfora, o mal de Alzheimer do político é um mal que prejudica o povo e requer punição. Ele entra nisso porque quer. Tem má-índole. Por isso desperta o ódio da população. Já o verdadeiro portador do mal de Alzheimer requer carinho, atenção e paciência. E a ele, sim, devemos dedicar todo o nosso amor.  

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