ARTICULISTAS

A chegada da Cemig a Uberaba

Por anos, Uberaba, tão mal servida de energia elétrica, motivou a ironia dos visitantes

Mário Salvador
Publicado em 28/01/2019 às 19:34Atualizado em 17/12/2022 às 17:40
Compartilhar

Por anos, Uberaba, tão mal servida de energia elétrica, motivou a ironia dos visitantes: “Nem sei dizer como é a iluminação pública de Uberaba. Não vi nada: é que passei por lá à noite.” Parece invencionice, porém era a realidade. 

As tímidas lâmpadas acesas nos postes, insatisfatórias para iluminar as ruas, mal clareavam os postes. Essa precariedade da energia elétrica impossibilitava a instalação de grandes indústrias em Uberaba. Então, forças vivas da cidade, como associações rurais, comerciais e industriais, clubes de serviço, sindicatos patronais e de empregados, criaram a Unasba, associação que, presidida por padre Fialho, diretor do jornal Correio Católico, buscava a imparcialidade na escolha da entidade líder do movimento que ambicionava trazer a Cemig para atuar em Uberaba. Instaladas na Praça Rui Barbosa, duas torres de transmissão de energia elétrica motivavam a população a apoiar o movimento, que foi ganhando força. O presidente da Cemig, convidado a vir a Uberaba, manifestou interesse em assumir o projeto, que foi logo executado.

Mas, mesmo com o empenho da Unasba e da Cemig, nem tudo foi fácil. Um grupo contrário suscitou uma questão inquietante para os moradores: a empresa Força e Luz permitia que o morador atrasasse vários meses para pagar a fatura e quitasse tudo de uma vez, com multa; já a Cemig cortaria a energia nas casas sem pagamento em dia. Felizmente, o argumento não vingou. E a Cemig garantiu nossa arrancada para o progress num trocadilho, deu força no atendimento à demanda empresarial. E, enfim, foram de fato iluminadas as ruas, praças e avenidas, e a brincadeira sobre a cidade mal iluminada malogrou.

Já instalada na cidade, a Cemig montou, em caráter de urgência, uma estação provisória geradora de energia elétrica, na rua Artur Machado com a Padre Zeferino. A estrepitosa estação fazia tremer os sacrificados imóveis vizinhos, em prol da nossa fartura de energia elétrica. Desse fato, sobejam histórias pitorescas. Numa delas, ambientada na barbearia em frente, o barbeiro, que sempre deixava o instrumental numa mesa, um dia, ao abrir a porta, apavorou-se, vendo navalha, pente, tesoura... tudo no chão. Conferiu. Não faltava nada nem havia sinais de arrombamento. O caso se repetiu diariamente, até que os fregueses comentaram que, no entorno, objetos amanheciam no chão, com o tremor do motor da Cemig funcionando, à noite. Aliviado, o barbeiro, até que a estação fosse desativada, passou a guardar tudo em gavetas. 

A Unasba, uma entidade emblemática, uniu forças vivas interessadas em batalhar pela cidade, exemplo a ser reimplementado. E foi o amigo Jorge Alberto Nabut que, em sua aprazível coluna no Jornal da Manhã, me convidou a relembrar esses fatos sobre a Cemig. Valeu, Nabut!

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por