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Sábado com chuva

Em relação à idade, posso dizer que já dobrei o Cabo da Boa Esperança. Talvez por isso mesmo eu tenha certa afeição

Mário Salvador
Publicado em 03/12/2018 às 20:00Atualizado em 17/12/2022 às 16:05
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Em relação à idade, posso dizer que já dobrei o Cabo da Boa Esperança. Talvez por isso mesmo eu tenha certa afeição pela sabedoria popular, afinal, desde criança, convivo com os famigerados provérbios. Hoje, em particular, lembrei-me deste: “Não há sábado sem sol, domingo sem missa e segunda sem preguiça.” Está bem, concordo com você: o serviço de meteorologia não acha a menor graça nesse dito. 

Ao longo da vida, vi muito sábado com sol. E recentemente, nesta época de chuvas, aconteceu de um sábado amanhecer chovendo. E a chuva parecia não ter fim. Ela se alternava: pancada, depois uma chuva um pouco mais fina e depois garoa, depois mais pancada, mais chuva fina, mais garoa... E lá pelas três da tarde, lembrei-me do tal ditado, que me acompanha há alguns muitos anos. E fiquei matutand hoje vou viver um sábado sem sol.

Passado pouco tempo, como para fazer valer o adágio, e para contrariar a minha cisma, as nuvens foram se afastando, tranquilas, deixando um enorme espaço no céu. E nesse espaço, apareceu, soberano, o Astro-Rei, lançando seus raios sobre a terra. Foi, em verdade, por pouco tempo, mas o fato validou, uma vez mais, o provérbio. E o sábado, antes cheio de nuvens de chuva, teve seu momento de sol.

Já em outro sábado chuvoso, fiz valer a expressão “chuva de molhar bobo”. Essa expressão é coisa bem antiga. Quanto ao fato que me fez relembrá-la, narro-o agora aos leitores:

Eu estava andando pelo centro da cidade, quando terminei minhas compras e resolvi voltar para casa. Sem aviso nenhum do céu, aconteceu de repente uma pancadinha de chuva. Todo mundo procurou abrigo em alguma loja. Inclusive eu. Logo, a chuva foi amainando, ficou leve... Analisando mal a situação, preparei-me para voltar para a minha casa.

Alguém me alertou: “Espere um pouquinho mais.” Fiz ouvidos de mercador e empreendi a caminhada. E o chuvisqueiro continuou bem fraco, mas firme. Comecei a sentir a camisa molhada. E, de molhada, quando cheguei à minha casa, a camisa já passou a encharcada.

Eu devia ter seguido aquele conselho e esperado um pouco mais na loja. E foi só entrar em casa... que a chuvinha se foi. 

Com certeza, muitas pessoas já deram bobeira e acabaram enfrentando alguma “chuva de molhar bobo”. Vivendo e aprendend em tempo de chuva, ao sair de casa, mesmo com sol, o ideal é mesmo carregar o guarda-chuva.

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