ARTICULISTAS

Machados, serras e árvores

É do parnasiano Olavo Bilac o soneto Velhas Árvores: Olha estas velhas árvores, mais belas

Mário Salvador
Publicado em 01/10/2018 às 20:25Atualizado em 17/12/2022 às 14:02
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É do parnasiano Olavo Bilac o soneto Velhas Árvores: “Olha estas velhas árvores, mais belas/ Do que as árvores mais novas, mais amigas:/ Tanto mais belas quanto mais antigas,/ Vencedoras da idade e das procelas...” E o poeta canta as virtudes das velhas e frondosas árvores, que fascinam o homem e embelezam a natureza.

Em Uberaba, por enquanto e não se sabe até quando, temos um bosque magnífico denominado Mata Eva Reis, que recebeu a merecida atenção de dois conselhos. O Primeiro Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau), que em 8 de novembro de 1916 optou pela “negação de supressão de árvores no entorno do bem tombado, que abriga o Museu de Arte Decorativa – MADA, em área verde centenária, localizada na avenida José Maria dos Reis, 701”. O Procurador-Geral do Município ratificou essa decisão. Os membros desse Conphau foram exonerados ao término do mandato.

O Segundo Conphau, com novos membros, deixou de lado aquela decisão e, em julho deste ano, aprovou a supressão de árvores da Mata Eva Reis. Grupos de ambientalistas recorrem às autoridades competentes para que seja mantida a primeira decisão, evitando o corte de árvores. Uma foto na edição de 16 de setembro do Jornal da Manhã mostra máquinas trabalhando no corte de árvores.

Segundo o jornalista Alexandre Pereira, colunista do Jornal da Manhã e um amigo das árvores, que acompanha o desenrolar do processo que envolve a Mata Eva Reis, “os membros do Conphau deliberaram, na última reunião, pela paralisação do processo que pede diretrizes para a implantação de três prédios residenciais de nove pavimentos e área comercial composta por dez lojas”.

Numa reportagem feita por uma emissora de televisão sobre o assunto, os repórteres entrevistaram vários moradores da área próxima à Mata Eva Reis, bem como ambientalistas. Todas essas pessoas se mostraram contra a derrubada das árvores. O atual dono da área, responsável pelo projeto de construção de edifícios e salas comerciais na área, permitiu ser filmado sem que mostrassem seu rosto e sem que ele se identificasse, e disse que a construção dos prédios e das salas comerciais naquele lugar vai gerar muitos empregos. O entrevistado nada mais disse, e nada mais lhe foi perguntado. 

Ambientalistas lutam pela preservação da mata, com a criação do Parque Eva Reis. Vamos acompanhar o desenrolar do tema. E lutar em favor das centenárias árvores, que hoje farfalham de medo dos machados e da serra. Ouvidos apurados têm captado os lamentos delas.

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