ARTICULISTAS

Dias melhores

Ninguém duvida ou despreza a educação como ferramenta para a vida

Gilberto Caixeta
Publicado em 07/10/2014 às 19:58Atualizado em 17/12/2022 às 03:21
Compartilhar

Ninguém duvida ou despreza a educação como ferramenta para a vida, instrumento transformador da consciência; “entendida como percepção de nós mesmos e do nosso ambiente”. Ela ocorre ao longo do viver e há vários atores a desempenhar funções caleidoscópicas. Somos educandos e educadores, portanto, sujeitos e objetos na relação. Assim, neste caleidoscópio educacional, há as instituições que respondem pelo professar do conhecimento e têm luminosidade especial, da educação básica à universidade. Pressupomos que os beneficiados se transformam em agentes diferentes daqueles que não gozaram da mesma oportunidade. Poderia ser assim, se não houvesse aqueles que destoam na intemperança. Nem por osmose anal os bancos escolares os tornam virtuosos. Veja os sintomas de alerta que os membros da charanga – que é mais uma bateria – da UFMG, nos dão. São universitários do curso de engenharia, daquela instituição, que fazem apologia ao estupro cantando alegremente que é sexo surpresa. Tangenciam o insano. São universitários que precisam de tratamento, sem prescindir das correções legais necessárias. Há outros exemplos, como as festas regadas à cachaça, cocaína e maconha. Existem trotes que levam à morte, ao constrangimento moral, ao coma, é quão violento como um assalto à mão armada. Várias universidades condenam o trote, embora eles ocorram. Vamos para o nosso mundinho aqui em Uberaba. Ao anúncio do resultado dos aprovados eles estarão nos pontos estratégicos das avenidas sujos de ovo, café, borrados em tintas a pedirem dinheiro sob os olhares atentos dos veteranos. Aqui começa a relação calouro – entrante – e veteranos, aqueles que já foram sacaneados ao entrarem. O desejo deles, agora, é compensar o sofrido, e, assim, partem pra sacanagem com aqueles que não o sacanearam. Geralmente, os calouros são jovens desprotegidos afetivamente; seus amigos moram em outras cidades, seus pais não estão por perto, se sentem vazios na proteção, moram com desconhecidos e, conquanto, se entregam a brincadeiras inocentes para não serem alijados do contexto que terão que conviver ao longo dos anos. Depois desta exposição pública vem a plaquinha pendurada no pescoço. Quem nunca viu jovens com aquelas plaquinhas portando um nome, que geralmente é um apelido dado na hora, andando pelas ruas da cidade. Ou outros, com aquelas boinas verdes. Eles vão e vem com as suas indumentárias. Ninguém, em sã consciência, carregaria uma canga no pescoço se não houvesse prévio constrangimento. Obriga-nos a se exporem para o deleite dos autores. Ficam com as placas, não as tiram, porque temem a represália daqueles que os batizaram com aqueles nomes indesejáveis. Isto é bullying. Universitários constrangedores morais são adoecidos em seus sentimentos, e se realizam no constrangimento impondo sanções aos desobedientes. As relações educacionais, nos anos iniciais e ao longo dos anos nas universidades, passam ao largo do que podemos considerar como razoável aos princípios de uma convivência sadia. São adoecidos demais, precisam de acolhimento institucional a fim de conter a incontinência.     

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por