ARTICULISTAS

Pluralismo social

As mídias sociais polemizam a diversidade que existe por ser polens

Gilberto Caixeta
Publicado em 30/09/2014 às 19:53Atualizado em 17/12/2022 às 03:27
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As mídias sociais polemizam a diversidade que existe por ser polens. A questão, a saber, qual é o seu pólen. Ao fim da II Grande Guerra era a bipolarização das forças políticas contribuindo para a formação de um pensamento dual, paradoxalmente, universal. Não havia verdade fora desse dualismo. Como se a realidade dos fatos emanassem unicamente das verdades representadas pelos EUA e a URSS. O bipolarismo cedeu à solvência, prevalecendo o multiculturalismo, mas ainda não acatado em sua essência. Vivemos num Estado governado pela antiguidade das verdades. A ideia de leituras diferentes sobre a mesma realidade tem provocado cisões e embates que as lideranças mundiais não têm conseguido superar. A Primavera Árabe, precedida pelas manifestações sociais organizadas pelas mídias sociais, foi uma tentativa ingloriosa da presença de um Estado não autoritário. O quadro político no Oriente Médio é complicado, bem antes da criação do Estado Israel. A sua presença rivaliza ainda mais os ânimos contra os árabes expressos no conflito com os Palestinos. Mas não só. A insanidade exposta pelo Estado Islâmico no combate aos infiéis, preferencialmente os ocidentais e minorias étnicas, difere-se daqueles recrutados para as suas milícias. O diálogo só tem validação para a conversão ao seu credo. Fora disso, é decapitação mesmo. Seus assassinatos foram veiculados pela imprensa mundial, não deixam margens àqueles que duvidam que sejam notórios negociadores. O receituário contemporâneo tem se mostrado ineficaz à paz. O mundo requer, portanto, lideranças com leituras pós-moderna. Ou seja, que vivenciem diferentemente as realidades. E, que realidades são essas? A ideia da verdade única empurrou gerações ao equívoco. Veja o destino traçado pelos “ismos”. Prefiro o pensamento da poetisa Cecília Meireles – “construirás os labirintos impermanentes que sucessivamente habitarás” – àqueles que querem pregar a permanência única das ideias. Veja os ridículos líderes cubanos ao empurrar gerações à luta armada e mandar para o paredão quem discordasse de suas verdades. Há outros exemplos. Nossa atual diplomacia, peça enferrujada tocada por ideólogos que veem o presente com os olhos no passado, segue caminho paralelo. Seu pragmatismo é propositalmente pernóstico. As mídias sociais podem abrir ao diálogo o multiculturalismo pós-moderno, apresentar leituras diferentes sobre a realidade que nos apresenta chamar à reflexão pensadores que estão dispersos, mas dispostos a pensar de forma diferente o que está posto. No entanto, se o compromisso for unicamente o compartilhar de fotos do dia a dia como leitura do estético esnobismo, distanciarão de valores que são fundamentais ao homem. As mídias sociais podem cumprir um papel interessante na estruturação de um pensar diferente, embora carregadas de ranços herdados, mas que ainda podem superá-los com uma postura distante de onde estão.

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