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Reflexões sobre a maldade humana

Existe uma Sociedade Protetora dos Animais. Não sei o que fazem além de protestar

Padre Prata
Publicado em 12/01/2019 às 08:55Atualizado em 17/12/2022 às 17:13
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Existe uma Sociedade Protetora dos Animais. Não sei o que fazem além de protestar. Vejo, pelos jornais, que defendem o mico-leão-dourado, o panda, a baleia-branca e outros animais em extinção. Suas intenções são nobres, mas não sei o que fazem de concreto contra os desatinos humanos. 

É devastadora a maldade humana. Diz o Taoísmo, se não me engano, que o homem é intrinsecamente mau. Nasce dominado pelos piores instintos destrutivos. A meditação, o domínio dos desejos (instintos egoístas), a educação são meios necessários para dominar sua tendência inata. Seus semelhantes são vítimas de sua perversidade congênita, que se estende também sobre os animais. Diz a Bíblia que a Natureza foi criada para servir ao homem, para garantir suporte para seu desenvolvimento e para fasciná-lo com sua beleza: aves, árvores, águas, montanhas. Porém, não foi dado ao homem o direito de destruir e barbarizar a Natureza, para ser carrasco.

Certa vez, em Lins (SP), fui convidado para visitar uma criação de suínos. Não falavam em porcos, em pocilga, muito menos em chiqueiro. Era uma indústria moderna e superlucrativa. Bem, logo ao chegar, vestiram-me de roupas brancas e esterilizadas, dos pés à cabeça. Nem para entrar numa UTI exigiram tanto. Os suínos eram enormes. Acostumado com os porcos piaus do mangueiro lá da fazenda, fiquei boquiaberto com animais tão limpos e vistosos. Cada um deles estava confinado num pequeno compartimento que mal o cabia. Não havia espaço para andar. Ficavam de pé ou deitados. Era uma moderna indústria de engorda, evitando-se a queima de calorias e pondo em prática um tipo de alimentação apropriada. O que se visava era o lucro. Ganhar dinheiro!

A classe alta não nega elogios ao famoso “patê de foie gras” da culinária francesa. É uma pasta de fígado de ganso. Para que o lucro seja compensador, os gansos são fixados no solo pelos pés, para que não possam andar e, continuamente, por um funil, enchem seus papos com substâncias gordurosas. Isto provoca um inchamento exagerado do fígado, que chega a pesar até dois quilos. O que importa é o lucro, e não a dor. 

A violência do homem contra os animais e contra o próprio homem, contra a Natureza em geral torna-se cada vez mais cruel. Os responsáveis se reúnem, formam comissões, arrecadam fundos e, como dizia o Barão de Itararé, “as coisas vão ficando cada vez mais a mesma coisa.” Ou piores.

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