Os jovens e os adultos

Dias atrás, Luciana Aita (funcionária da Prefeitura) e Camila Beatriz (professora da Escola Municipal Uberaba) estiveram em minha residência. Trouxeram um grupo de jovens para uma entrevista. Fizeram-me uma série de perguntas: “Por que o Sr. escolheu ser padre? O Sr. concorda com o celibato? Fale sobre sua vida. Como foi o golpe militar de 64? O Sr. foi preso?”. Conversamos longamente. Procurei responder com clareza e simplicidade a todas as suas perguntas. Não agrediram os adultos e os idosos. Foram delicadas e muito compreensivas. Gente bem-educada.

Mais tarde, refletindo sobre aquele encontro, lembrei-me das palavras do Papa Francisco numa entrevista sobre os jovens. Peço licença para transcrever aqui algumas afirmações dele. “Os jovens não são os únicos descartáveis da sociedade. Também o são os adultos, especialmente os idosos, distanciados da lógica do mercado e do poder.” “A juventude não existe, é uma abstração. O que existe são os jovens. Do mesmo modo, não existe velhice, existem os velhos. Precisamos nos sentir felizes e orgulhosos de sermos idosos. Assim também os jovens se orgulham de ser jovens. Ser idoso é um privilégio. Significa ter experiência suficiente para se conhecer e conhecer seus erros e seus acertos. Por outro lado, falar sobre jovens significa falar de promessas, falar de alegria. O jovem tem sempre um pé na frente do outro, pronto para partir, para sair em disparada. Os jovens não são mais crianças e nem querem ser tratados como tal. A adolescência não é uma doença que devemos combater. Faz parte do crescimento normal e natural de nossos jovens. Penso que devemos pedir perdão aos jovens porque nem sempre os levamos a sério. O jovem começará a dar passos mais lentos para fazer-se escutar e os idosos para acelerar seu ritmo para achar o ponto de encontro.” Para terminar, valeu a pena a visita daquelas jovens. Que Deus abençoe a boa ideia de Luciana e Camila!