ARTICULISTAS

O Círculo dos Bastidores

Sim, existe a Geografia da Palavra, estudando, vivendo os fenômenos, causas e relações dos seres formados por letras

José Otávio Lemos
Publicado em 05/06/2019 às 21:54Atualizado em 17/12/2022 às 21:25
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Sim, existe a Geografia da Palavra, estudando, vivendo os fenômenos, causas e relações dos seres formados por letras e que se relacionam entre si. 

Também, as Sesmarias do Corpo, que permitem a produção de novas colheitas com palavras, atos e até omissões. Sem culpas e com prazer.

Tudo dentro de uma Paisagem Provincial sem limites geográficos, pois o nosso mundo é totalmente aberto mesmo.

Assim, é o conjunto de obras de Jorge Alberto Nabut, que tem até um Corredor dos Boiadeiros, no qual trafegam humanos, equídeos e bovinos, debaixo de pingos d’água, como em Livro das Chuvas, onde as palavras são mais do que elas dizem, desenhando arte contemporânea.

Agora, O Círculo dos Bastidores, à vista com bonitos bordados ou, lá atrás, após o palco que todos veem, mas que precisa de retaguarda boa para desempenho dos grandes artistas. Pode parecer estranho, louco, ver um bando de tesourinhas voando e emitindo sons numa página ou num capítulo de livro. Mas tem. Verdade. O conjunto do novo livro publicado vai além da literatura. “Matrimoneia” artes-plásticas com literatura e até é poligâmico com outras artes.

Ao mesmo tempo em que ressuscita uma mãe que nunca morreu, o autor em referência, Jorge Alberto Nabut, filho de Mariana Abdanur Nabut, mostra que a criação artística é ilimitada.

Quando, em 1928, Carlos Drummond de Andrade poetou que “No meio do caminho tinha uma pedra”, tantos não aceitavam aquilo como poema. Sequer que ele era poeta. Bem menos sentiram a verdadeira poesia, que não existe só em versos e estrofes. Passados 91 anos da “pedra do itabirense”, é hora de entendermos que avanços, atualmente, são mais rápidos do que há quase um século. O novo livro, “nabutíssimo”, é um grande presente para todos nós que amamos a arte, não como uma coisa elitista, mas de verdadeira comunicação do passado, do presente, e trampolim para um tempo ainda melhor.

Com bordados, muitas mulheres sustentaram famílias, formaram filhos e até adquiriram patrimônios que servem às gerações sucessoras.

O livro O Círculo dos Bastidores é uma boa salada das melhores frutas de muitas árvores genealógicas que misturam países, continentes... Vontade de viver, ver. Vi.

Sim, vi e li. Digo, leia, leiam. Deleitarão. Feliz coração. Corações. Lições. Gostosas. Darão boas prosas. 

Uma senhora que conheci, na década de 70, na casa de dona Mariana, lá na Rua Segismundo Mendes uberabense, iria ficar bem feliz se eu chegasse e lhe entregasse O Círculo dos Bastidores. Ficaria orgulhosa por ter sido a mãe do autor do livro. Está.

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