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Homens-Meninos - A Síndrome de Peter Pan

Esta síndrome foi uma tese defendida pelo psicoterapeuta norte-americano Dr. Dan Kiley (1942-1996)

Fernando Vieira Filho
Publicado em 03/01/2019 às 20:07Atualizado em 17/12/2022 às 17:00
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Esta síndrome foi uma tese defendida pelo psicoterapeuta norte-americano Dr. Dan Kiley (1942-1996), cujo livro de sua autoria, publicado em 1983, “The Peter Pan Syndrome” – no Brasil, “A Síndrome de Peter Pan” –, tornou-se um best-seller internacional. 

A síndrome de Peter Pan se caracteriza por comportamentos e sintomas apresentados por homens que não querem deixar de ser meninos, são imaturos em determinados aspectos psicológicos, sociais e sexuais, além de manifestar atitudes narcísicas e de desatinos comportamentais, sobretudo por terem medo da solidão, do abandono e do fracasso.

São homens que se negam a passar pelo processo de amadurecimento emocional normal. Quando chegam ao casamento, não aceitam renunciar à condição de filhos para se tornarem pais.

Geralmente são homens com mais de 30 anos que irradiam simpatia e camaradagem no primeiro contato, mas, com o passar do tempo, logo revelam o problema aos que os cercam, causando assim sérios prejuízos a seus parceiros de negócios, amigos, familiares e cônjuges. É quase uma doença social.

Nos dias atuais existe uma valorização exagerada da juventude, enaltecida pela mídia, como um mecanismo de consumo, o que estimula a imaturidade psíquica desses homens-meninos, que se recusam a aceitar a ação do tempo e agem ao seu bel-prazer, sem se preocupar com as consequências de seus atos de “molecagem” e defeitos de caráter.

Embora possam ter uma vida profissional de sucesso, em sua vida pessoal estes homens seguem agindo como adolescentes egocêntricos e vorazes por diversão, colocando a culpa nos outros pelas suas irresponsabilidades.

Nos relacionamentos amorosos, não se esforçam para ter uma relação madura e estável. Gostam de mulheres “boazinhas”, que possam oferecer tudo, pois exigem elevadas doses de afeto, sem dar nada em troca.

A irresponsabilidade é o núcleo central dessa síndrome, que resulta da falta de limites, decorrente de uma criação protetora e muito possessiva.

Assim, a educação dos meninos precisa ser considerada como uma fase importante na prevenção do surgimento da síndrome de Peter Pan.

O exemplo do pai é muito importante na fase de zero a seis anos. Competências como autoridade, honestidade, respeito ao próximo, autoconfiança, autoestima, assertividade e espiritualidade devem ser estimuladas nos meninos, através de um bom exemplo paterno ou de alguém que ocupe este posto.

Aos homens-meninos que buscam a cura desta síndrome, a melhor maneira será aprenderem a se colocar no lugar dos outros, para que olhem a vida numa nova perspectiva e, assim, dar mais do que recebe. Não precisam anular sua “criança interior” ou se tornarem pessoas amargas ou misantropas, mas se adequar de forma saudável e autoconfiante à realidade da vida, agindo de modo condizente com a idade.

A psicoterapia é um caminho eficaz para o tratamento dos portadores da síndrome de Peter Pan, juntamente com o apoio dos familiares e amigos, que são essenciais nesse processo de crescimento. 

(*) Psicoterapeuta clínico, palestrante e escritor

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