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A guerra fria do século XXI

A Guerra Fria foi um episódio de extrema relevância dentro do Século XX e isso nos remete a uma questão intrigante

Renato Vieira
Publicado em 22/05/2019 às 22:30Atualizado em 17/12/2022 às 21:02
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A Guerra Fria foi um episódio de extrema relevância dentro do Século XX e isso nos remete a uma questão intrigante nos dias atuais: “Não estaríamos vivendo um cenário de Guerra Fria no Brasil?”. Para responder a essa pergunta, precisamos voltar um pouco no tempo, numa época de importância equivalente. França, 1789. Napoleão Bonaparte vê seu Exército dividido, graças à Revolução Francesa. Os membros da Assembleia Nacional se dividiram em Partidários do Rei, que ficariam ao lado do Império e, consequentemente, de Napoleão, e Simpatizantes da Revolução, que acreditavam que novos dias estariam por vir. Em meio a várias sessões confusas e desorganizadas, um Deputado, o Barão de Gauville, teve uma atitude bastante inusitada: saltou sobre uma mesa que ficava bem ao centro, pediu a palavra e bradou: “Aqueles que são a favor do Império, da Monarquia e serão leais às leis e à nossa religião, favor ficar à Direita dessa mesa. Os que forem a favor da Revolução e que agora apoiam os interesses particulares do povo e a formação de novas facções e partidos se posicionem à Esquerda”. Estava formado ali o modelo de posicionamento político que perdura até hoje, em todo o Mundo. Em 1946, imediatamente após o fim da 2ª Guerra Mundial, vários países começaram a trabalhar em armas cada vez mais poderosas, com destaque para os EUA e URSS, que deram início à Corrida Espacial. Inicialmente pacífica, foi-se descoberto que ambas as Nações planejavam desenvolver tecnologia de foguetes, a fim de que pudessem lançar com maior poder e precisão mísseis nucleares que poderiam dizimar facilmente cidades inteiras. Iniciou-se então a Guerra Fria, uma guerra de nervos, em que ninguém atacava, mas ninguém ousava subestimar o outro, dado o conhecimento do arsenal do seu rival. Mas o que isso tem a ver com o Brasil? Atualmente, a situação vivida pelos brasileiros pode ser tratada como uma Guerra Fria, tamanha a disputa de ideologias e posições em que todos se encontram envolvidos. De um lado, direitistas e apoiadores, radicais fanáticos que anseiam por um novo ponto de vista e uma nova forma de governar, apoiados nas propostas de um Presidente Militar. Do outro lado, com força na mesma proporção, estão os esquerdistas, conservadores e bastante relutantes quanto a essa mesma forma de governar. O discurso de ambos é sempre direcionado ao governante e aos seus ministros. Enquanto uns pedem paciência e tempo para que as propostas feitas em campanha saiam do papel e sejam aprovadas, outros questionam as decisões de alguém que se promoveu como personalidade política proferindo discursos bastante contraditórios de preconceito, discriminação e intolerância. Uma verdadeira Guerra Fria, pacífica até então, mas que deixa todos os brasileiros alertas e à beira de um colapso. A impressão que temos é que todos estão prontos para uma verdadeira situação de caos, que não irá encerrar enquanto não houver um mínimo de abertura de novas ideias para uns, ou o outro lado dar o braço a torcer e chegar num consenso político e moral. Todos alertas, vigiando os próximos passos dessa nova Guerra Fria. 

(*) Professor de Educação Física Infantil e Nerd por História

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