ARTICULISTAS

A Ilusão Personalista (1ª parte)

O comum e repetitivo é pensar e pretender que a solução para os problemas do Brasil

Guido Bilharinho
Publicado em 29/12/2018 às 12:21Atualizado em 17/12/2022 às 16:52
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O comum e repetitivo é pensar e pretender que a solução para os problemas do Brasil ou, pelo menos, para impulsionar-lhe o progresso, livrando-o das amarras que o tolhem, é eleger bom candidato para presidi-lo. 

Na imprensa, então, pululam artigos, editoriais e notas a esse respeito e nesse sentido.

No mês de maio último, dois artigos na Folha de S. Paulo timbraram em agasalhar, defender e proclamar essa opinião.

No dia 05, Rodrigo Zeidan terminou seu artigo “O Melhor dos Mundos”, afirmando “que se elegermos um energúmeno em outubro, vamos adiar nossa evolução”.

No dia 06, sob o título “A Argentina e a Maldição do Dólar”, Clóvis Rossi também conclui seu artigo, aduzindo “a mediocridade no crescimento, com suas sequelas sociais inevitáveis, é uma característica de quase toda a América Latina, sem que apareça alguém (sic) capaz de encontrar um caminho para desarmar essas bombas de tempo que periodicamente explodem”.

Não se nega, em toda e qualquer circunstância, o papel e a importância do indivíduo com suas maiores, menores ou nulas qualidades de competência, honestidade, dinamismo e capacidade formulativa e executiva.

Contudo, não é por aí que se vai resolver e suplantar os impasses e obstáculos que se antepõem, dificultam ou impedem o pleno desenvolvimento dos países da América Latina, entre eles o Brasil, ainda mais esquecendo-se, como ocorre com os citados colunistas, da existência, prerrogativas e comprometimentos do Congresso.

Na realidade, abrindo parênteses, o Brasil deveria ser o país mais desenvolvido do mundo já que é o mais bem aquinhoado pela natureza em todos os sentidos e aspectos.

E nem se diga que o país não tenha tido pessoas altamente inteligentes e mesmo geniais à frente de seus destinos, bastando lembrar, de passagem, José Bonifácio, Rui Barbosa, barão do Rio Branco, Pandiá Calógeras, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, entre outros.

A questão que os citados articulistas e muitos economistas e cientistas políticos desconhecem, ou nela não atentaram e refletiram, consiste na lição de outro gênio brasileiro, Guimarães Rosa, de que “não adianta mudar os jogadores se não se mudar as regras do jogo”.

Aí, nas “regras do jogo”, é que reside o entrave maior ao desenvolvimento do Brasil e dos demais países latino-americanos. (Continua...

(*) advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional

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