Na maioria das maternidades da saúde suplementar em Uberaba o índice de cesáreas chega a ultrapassar 90% dos partos. Muitas das vezes, a própria parturiente opta pela cesárea ou o procedimento é indicado pelo obstetra que a acompanhou durante todo o período de gravidez. “Apesar de Uberaba estar na contra mão em relação aos números de cesarianas indicadas pela Organização Mundial de Saúde (15%), existe em todo o país, uma cultura do parto cesariano “sem dor”. A própria gestante escolhe o procedimento”, afirma o médico e responsável técnico por uma das operadoras da cidade, Leandro De Vito.
Segundo a Secretária de Saúde de Uberaba em 2014 foram feitos 5.325 partos. Destes, 3.608 foram cesáreas e apenas 1.717 partos normais. Em 2015 dos 1.572 bebês que nasceram na cidade, somente 545 foram por meio do parto normal.
Para reduzir esta “epidemia de cesáreas” desnecessárias no Brasil que representam 84% na saúde suplementar e 40% na rede pública, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional da Saúde (ANS) publicaram no mês de janeiro deste ano novas regras que visam estimular a prática do parto normal no País. A saúde suplementar tem até 180 dias para se adaptar às mudanças.
Com as novas regulamentações, a paciente terá mais acesso a informação, já que as usuárias poderão solicitar aos planos os percentuais de partos normais e cesáreas desenvolvidos naquele estabelecimento ou por determinado médico obstetra. Estas informações deverão estar disponíveis no máximo em até 15 dias, após a solicitação. Caso ocorra o descumprimento, o plano de saúde será multado num valor de R$25 mil.
A mulher passará a ter o direito de um cartão de gestante, onde será registrado todo o pré-natal e uma carta explicativa para a mãe. Com este cartão qualquer obstetra saberá como anda a gestação, facilitando o atendimento.
As operadoras passam a ter que incentivar os médicos a preencher um documento chamado partograma, que detalha graficamente todo o trabalho de parto. Agora o partograma é parte integrante do processo para o pagamento do procedimento.
Para o médico, Leandro De Vito a maioria dos hospitais de Uberaba não tem estrutura e nem a quantidade de profissionais necessários para assistir o trabalho de um parto normal que pode durar até 12 horas.
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